Como é ser
ateu?
Como se
aprende a ser religioso?
A primeira
pergunta acho bem mais fácil de responder, pois não se aprende a ser ateu, se
chega a essa conclusão, se decide ser ateu com base em muita reflexão,
observação da realidade, e um forte desejo de liberdade.
Agora se
ensina e se aprende a ser religioso, com tanta ênfase que se declarar ateu é
uma ofensa quase imperdoável. O crente, crédulo ou fiel, tem tanta certeza de
sua fé que chega a se desesperar quando alguém se declara ateu, esquece de tudo
aquilo que admirava na pessoa que agora se declara não crente. Ou pior, acha que
essa pessoa começou a frequentar a “outra loja”, ou seja, que agora o ateu, não
apenas não crê em deus, mas é discípulo do diabo, ou está sendo influenciado por
esse.
É óbvio que o
ateu, não acredita em deus, não tem fé religiosa alguma e por conseguinte, não
crê no contrário, não crê em diabos, demônios ou coisas parecidas. Pois a origem
de ambos, deus e diabo é a mesma, o bom e o mau, o bem e o mal. Ora essa
dualidade está dentro de cada pessoa, nos alimentamos o bem ou o mal, nós
escolhemos, não precisamos necessariamente acreditar num ser superior para
praticarmos o bem, tampouco precisamos acreditar num ser inferior (embora os crentes em sua fantasia, deem poder a ele), para praticarmos o mal.
Uma das coisas
que me faz ser ateu é essa coisa de monopólio do amor, isto é “deus é amor”, “amai
a deus sobre todas as outras coisas”,
ninguém pode obrigar a ninguém a amar qualquer pessoa ou coisa, ama-se ou não.
Outra é essa
mania de controlar as pessoas pelo medo de deus, pelo pecado, isto é, se fizer
algo errado, deus castiga, se fizer ou deixar de fazer tal coisa, é pecado e
pecador não vai pro “céu”. Fica aquela troca interesseira, “vou fazer tal coisa
pra ir pro céu”, “vou deixar de fazer tal coisa por que é pecado”.
Já não basta
vivermos numa ditadura capitalista onde tudo é mercadoria com preço no mercado,
incluindo as pessoas? Já não basta a liberdade ser tolhida tão vorazmente pela
realidade mentirosa de que “somos livres”?
Temos
realmente que cair na armadilha da fé religiosa, cuja história nos mostra o
quão mentirosa, odiosa, exploradora ela é? Temos que ser igual a todo mundo,
nivelados a ovelhas de um rebanho?
Não, não
temos.
Cada pessoa de
fé, merece meu respeito, essa fé é verdadeira, pessoal e baliza a vida dessas
pessoas, suas alegrias, suas certezas, suas esperanças, seus relacionamentos,
seu conforto nas horas difíceis, enfim...
Mas são essas
pessoas o alvo principal de gente que, em nome deus, podem explorá-las. Agora
essas pessoas podem também refletir sobre sua fé e tomar a decisão que tomei,
ou não, porém eu fiz e me decidi, sou ateu.
Queria dizer
que o bem não é propriedade de deus, fazer o bem é uma necessidade humana, para
sermos felizes com nós mesmos, não para agradar algo abstrato, a solidariedade
não é um monopólio de deus, é nossa obrigação enquanto seres humanos, e que ser
ateu é apenas livrar-se das amarras, ser livre, ser livre para fazer as coisas
que quiser sem freios, a não ser o do bom senso, da Lei e do caráter. Ninguém
precisa de um deus pra ser feliz, nem imaginar um pra culpar pelas
infelicidades, muito menos um pra ser dependente. Precisamos acreditar em nós
mesmos, e irmos a luta.
Se rezar
adiantasse não haveria famintos no mundo, não haveria guerras, não haveria
maldade. Podem dizer que isso acontece por falta de deus, eu acho que existe
por excesso de deus.
Conformismo
(deus quis assim), “ guerras santas” (o meu deus é melhor que o seu, ou o meu é
de verdade, o seu é uma mentira), dizimo (verdadeiro roubo legalizado, livre de
impostos). Tudo isso, existe por que as pessoas creem num deus, que se existisse,
no mínimo seria um brincalhão ou um sádico.
Enfim, a
questão é polêmica, e quem está convencido da existência de deus e é crente,
fiel ou crédulo não levará em consideração refletir a respeito, encontrará inúmeros
argumentos baseados na sua fé pra me contradizer, já os que como eu se livraram
disso podem refletir sobre alguns outros ângulos que muito provavelmente eu
deixei de fora.
Argumentos
baseados em fé não se sustentam, só serve para as próprias pessoas que a tem.
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