sexta-feira, 27 de março de 2009

VISITE PONTA GROSSA? artigo próprio


É incrível como as coisas podem ser contraditórias, ou como a administração da cidade não se entende.

Nos últimos finais-de-semana, as pessoas tem notado a dificuldade de sair na cidade, apesar do site do CVB – Convention Visitors Bureau, colocar inúmeras opções, como os restaurantes, que aliás, são de excelente qualidade, todos sabem que o movimento da cidade desde os meus tempos de adolescente, lá se vão 25 anos, é na região da UEPG, o famoso “bobódromo” de Ponta Grossa.

Antes de permitirem, para dar prosseguimento ao plano neoliberal dos atuais governantes e seus mandatários, a extinção do Cine Inajá, que hoje é mais uma igreja/empresa (que não paga imposto, é claro), para seguir como “maria vai com as outras” o modelo sem graça (mas que dá dinheiro) de cinema em Shopping Center, esse “bobódromo” se prolongava pela rua Sete de Setembro, seguia pela XV de Novembro, depois pela Santos Dumont em frente ao Biba's, seguindo pela Dr. Colares e descia para a Eng. Schamber, seguindo em direção a UEPG, atingindo-se a Bonifácio Vilela, hoje Av. München, que ganha esse apelido uma quadra depois de cruzar a rua Dr. Francisco Burzio. Esse era, e sempre foi o movimento noturno da cidade de Ponta Grossa, os restaurantes são boas opções sim, para um determinado e pequeno público que pode fazer refeições fora e gastar mais de R$ 100,00 (em duas pessoas, em média) mas o movimento de bares, movimento popular, é a Bonifácio Vilela e seus arredores na altura da UEPG.

Quando o populista prefeito Jocelito Canto “criou” a Av. München, nada mais fez do que acentuar essa característica, e é claro isso trouxe mais um impulso aos comerciantes da região, que investiram mais nos seus estabelecimentos, criaram-se novos lugares, fazendo da região, a única concentração de entretenimento da Cidade.

Hoje, vemos ações das autoridades, proibindo o acesso e o estacionamento na região, praticamente “quebrando” esses comerciantes, deixando a região vazia, e que vai se esvaziar mais e mais, desvalorizando comercialmente a região. Isso está acontecendo pela reclamação de moradores quanto ao barulho, etc. É claro que os moradores tem suas razões, mas o barulho de automóveis e do som dos carros acontece única e simplesmente pela falta de policiamento, pela preguiça ou pela mesquinhez do governo municipal. Explico:

Acham muito mais fácil, proibir o estacionamento em torno da UEPG, ou proibir a circulação de veículos na região, do que patrulhar as ruas, a Guarda Municipal, que aliás foi criada pra isso mesmo, hoje exerce o papel de polícia e ataca apenas os bairros pobres, sendo que se uma ou duas patrulhas ficassem com as viaturas fixas em pontos estratégicos e houvesse uma patrulha a pé, com não mais que dez homens patrulhando em duplas, sem falar nas motos, o problema do barulho acabaria, bastava recolher uns dois ou três veículos que abusassem do som automotivo, aliás para isso deveria haver alguma lei mais rígida, pois é mesmo um absurdo, tenho certeza que os moradores da região teriam o seu sossego.

Como no próprio site do CVB diz, Ponta Grossa é uma cidade universitária, isso quer dizer uma cidade que tem um grande número de jovens e a “moçada” gosta de som, de diversão e uma coisa atrai a outra, e é esse o combustível da noite, é por onde os comerciantes podem ganhar dinheiro, é onde os turistas que visitam a cidade sabem que encontrarão gente bonita, lugares interessantes e vão gastar o seu dinheiro movimentando a economia.

Outro aspecto que é interessante ressaltar, essas medidas das autoridades é inócua, pois o barulho não cessa e também acontece durante a semana, isto é, no período de aulas na UEPG, tornando quase impossível dar e assistir aula nas salas da UEPG que ficam na Rua Riachuelo, rua em que é proibido estacionar nos fins-de-semana, mas que de segunda à sexta-feira é um caos pela falta de patrulhamento, numa contradição ainda mais gritante, nos fins-de-semana esperam uma “paz” que não existe e que através dessa ação de governo prejudica os comerciantes da região, e durante a semana onde ela é necessária para o bom andamento das aulas na Instituição de Ensino Superior, essa paz não vem, devido a preguiça, falta de planejamento ou atendimento propositadamente equivocado e voltado ao interesse de apenas algumas pessoas, sabe Deus.

Enquanto isso, nossos turistas, que são poucos, e que muitas vezes tem uma impressão desagradável da cidade, vão sumir cada vez mais, a própria população que freqüenta a região, vai sair de lá, e é claro, num movimento lento, quem sabe, pelos próximos 25 anos.

Essa situação é tão contraditória, que até mesmo, perverte a lógica capitalista de concentração, como é o caso dos centros de compras, que num erro de linguagem, chamam-se no Brasil de Shoppings, quando o certo seria Mall, ou seja, alí onde temos uma concentração de bares e casas noturnas que dão opção para diversão noturna, está existindo por parte das autoridades uma ação de dispersão para atender a interesses, sabe-se lá de quem, e o pior, sem dar a atenção mais importante, que são às aulas dos cursos da UEPG.

Isso simplesmente levará à duas coisas, primeiro vai quebrar os comerciantes e segundo não vai resolver o problema.

Alí, a solução é apenas uma, policiamento com estratégias inteligentes, policiais a paisana, detenções e apreensões de veículos, não importando se o proprietário é algum fulano rico, ou filho de algum fulano rico ou de alguma forma influente. E isso continuamente, durante os sete dias da semana. Até por que o problema são os veículos e o som desproporcional, inclusive de péssimo gosto musical, por que as pessoas ainda vão freqüentar os bares, e o barulho dentro dos estabelecimentos é outra coisa, é da alçada de quem libera os alvarás de funcionamento, e se estão dentro das Leis, nada há que se dizer, porém, proibindo-se o acesso da maneira como se tem feito, acontecerá, reitero, apenas a dispersão de clientes e a conseqüente quebradeira dos comerciantes, além é claro, da desvalorização do local enquanto região comercial, consolidada há mais de 25 anos.

Essa preocupação das autoridades municipais com o centro da cidade, como se nota pelas obras do engenheiro prefeito, tem de ter nesse caso, um foco de patrulhamento e identificação dos transgressores, e não o prejuízo dos comerciantes.

Isso só faz pensar e questionar, para que serve a Gurda Municipal?


Alnary Nunes Rocha Filho, 42 anos.

Geógrafo e Mestrando em Ciências Sociais Aplicadas - UEPG