quarta-feira, 22 de maio de 2013

SOCIALISMO Por Marilena Chauí


                                                                              


Introdução – Alnary Rocha

Cada vez que nós, militantes da esquerda genuína, socialistas, assim nos declaramos, ou defendemos o Socialismo em público, nos deparamos com críticas obtusas, baseadas em regimes totalitários que se auto-rotularam socialistas ou comunistas. E temos que dizer que aquilo, embora tenham sido tentativas e experiências, não foram realizações socialistas ou comunistas. Aliás, o socialismo é apenas o caminho para o comunismo. O comunismo é o sonho verdadeiro. Porém, as críticas contrárias, se baseiam apenas nas experiências pequenas que o mundo teve. A mais longa foi a da ex-URSS, que teve um belo caminho até a morte de Lênin, e depois com Stalin o sonho socialista foi desvirtuado e a experiência depois de mais de 70 anos acabou. De qualquer maneira aquela experiência não traduz o socialismo. Assim, nesse espaço que é meu, posso publicar a definição de Socialismo, escrito pela maior intelectual viva do Brasil, Marilena Chauí.

De fato, o que é o Socialismo?

Economicamente, o socialismo se define pela propriedade social dos meios sociais de produção. Isso significa, de um lado, que é conservada e garantida a propriedade privada individual como direito aos bens não somente necessários à reprodução da vida, mas sobretudo indispensáveis a seu desenvolvimento e seu aperfeiçoamento; e, de outro, que o trabalho deixa de ser assalariado, portanto, produtor de mais-valia, força explorada e alienada, para tornar-se uma prática de AUTOGESTÃO SOCIAL DA ECONOMIA, um compromisso dos indivíduos com a sociedade como um todo. O trabalho se torna livre, isso é, expressão da subjetividade humana objetivada ou exteriorizada em produtos. Na medida em que a propriedade dos meios de produção é social, a produção é autogerida e o trabalho é livre, deixa de haver aquilo que define nuclearmente o capitalismo, ou seja, a apropriação privada da riqueza social pela exploração do trabalho como mercadoria que produz mercadorias, compradas e vendidas por meio de uma mercadoria universal, o dinheiro.

Socialmente, o socialismo define-se pelas ideias de justiça – “a cada um segundo suas necessidades e capacidades”, no dizer de Marx – abundância, não há apropriação privada da riqueza social, - igualdade, não há uma classe detentora de riqueza e privilégios, - liberdade, não há uma classe detentora de poder social e político, - autonomia racional, o saber não está a serviço dos interesses privados de uma classe dominante, - autonomia ética, os indivíduos são agentes conscientes que instituem normas e valores de conduta, - e autonomia cultural, as obras de pensamento e as obras de arte não estão determinadas pela lógica do mercado nem pelos interesses de uma classe dominante. Essas ideias e esses valores, que definem o socialismo e exprimem direitos.

Politicamente, o socialismo se define pela abolição do aparelho do estado como instrumento de dominação e coerção, substituindo-o pelas práticas de PARTICIPAÇÃO E AUTOGESTÃO, por meio de ASSOCIAÇÕES, CONSELHOS E MOVIMENTOS SOCIOPOLÍTICOS, ou seja, o poder não se concentra em um aparelho estatal, não se realiza pela lógica da força nem pela identificação com a figura do(s) dirigente(s), mas VERDADEIRAMENTE COMO ESPAÇO PÚBLICO DE DEBATE, DA DELIBERAÇÃO E DA DECISÃO COLETIVA.

Marilena Chauí em Cidadania Cultural: O direito a cultura, págs. 144 e 145.

 “A PARTICIPAÇÃO É O DADO CONSTITUTIVO DESSA SOCIEDADE PORQUE É UMA SOCIEDADE EM CONSTRUÇÃO PELA AÇÃO DE TODOS OS SEUS SUJEITOS.”

Marilena Chauí

Eis aqui o meu ideal, o meu devir, e creio que a ferramenta mais poderosa para essa construção é uma que acontece com muita força, A ECONOMIA SOLIDÁRIA.
Alnary Rocha