quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CRISE CULTURAL À BRASILEIRA - Texto Próprio

Não, não vou falar diretamente sobre crise econômica, desemprego, saúde pública, educação, pelo menos não no sentido de reivindicação legítima e urgente da população brasileira. Quero abordar um ângulo que, embora perpasse tudo isso, não tem tido acrítica aguda que necessita, e vou tentar fazer isso nas próximas linhas.

Muitos tem acompanhado a mais nova polêmica da agenda da indústria do entretenimento, o afastamento de um tal Rafinha Bastos do programa semanal da Rede Bandeirantes, CQC, por que ele disse outra das suas frases pseudo humorísticas, e há quem o defenda, baseando os argumentos em: “liberdade de expressão”, “não se pode limitar o humor”, ou outra argumentação parecida. A BAND o afastou para apenas “castiga-lo”, querendo dizer o seguinte: “você até poderia dizer que comeria a Wanessa, mas que comeria o bebê dela não!”. Pois, se a BAND realmente estivesse interessada no respeito, na ética e no humor de qualidade, o teria demitido por justa causa. Mas, e o medo da concorrência? Aí usou a velha tática da “geladeira”, parece que não deu certo, o funcionário pediu demissão e o empregador voltou atrás, tentando segurar o pseudo artista. Não que exista muita qualidade no trabalho de Wanessa Camargo, mas aí não era piada com o seu trabalho, é a tentativa de parecer engraçado com uma falta de respeito a pessoa humana.

Essa“polêmica”, é mais uma artimanha na construção de uma indústria artificial de entretenimento, cujo qual é de baixíssima qualidade, que além de não contribuir para a Cultura Brasileira, ajuda a sepultar o que resta de melhor dela.

O Brasil perdeu ontem um dos seus maiores atores, um artista do humor, o espetacular José Vasconcelos, e apenas o “burguesão metido abesta” do Jô Soares fez uma homenagem a ele. Enquanto isso os sites “bombam” com notícias sobre um sujeito que surgiu ontem, que no começo demonstrou algum talento, mas que hoje “se acha a ultima bolacha do pacote”, e com isso quer impor um humor baseado na total falta de respeito com as pessoas, com piadas gratuitas e forçadas, que só é engraçado para os débeis mentais, pseudo piadas que apenas pretendem chocar as pessoas e não fazê-las rir realmente.

E assim é a mesma coisa com relação a musica, todos sabem que a MPB de alta qualidade, assim como a musica internacional de qualidade, estão banidas das rádios brasileiras, a indústria baseada na falta de discernimento e de educação, da maioria da população brasileira, impõe uma série de porcarias as pessoas, que não podem escolher, afinal todas as rádios hoje são praticamente iguais, raríssimas são as diferentes, rádios universitárias, culturais, comunitáriase até algumas piratas.

Inventam rótulos para conquistar parcelas da população preconceituosas, como é o caso da musica sertaneja, que foi estrupada, desfigurada e por fim assassinada, com o surgimento de pseudo artistas fabricados, moldados ao gosto de alguns pseudos universitários, estou falando do rótulo idiota Sertanejo Universitário, percebem a indecência? A grande Moda de Viola e a Musica Sertaneja de Raiz foi destruída para poder ser criado um modo de vender porcaria para uma classe que tinha “vergonha” de escutar e difundir uma musica autêntica e de raiz popular, a mesma coisa é feita com o tal de funk de morro, apelativo, pornográfico e pervertido. Como também ao tal de RAP, uma perversão e uma aculturação das manifestações jovens e popularares, o que tinha de qualidade nisso foi destruído, para vender porcaria sem sentido para jovens pobres e sem escolha. Quando vejo pobres meninos, oriundos de favelas, vestidos com roupas de palhaço ostentando números de uniformes de jogadores de futebol americano, com cores, cabelos, e acessórios, que mais parecem que vão a alguma festa de fantasias no “inferno”, fico indignado, pois isso é o que vem à tona da mentira que se conta a eles de que é legal isso, de que assim passam a fazer parte de uma “tribo”, etc. Pobres diabos!

A Crise Cultural pela qual passamos é causada pelo consumismo desenfreado, pelo modismo, pela prática do descarte, pelo capitalismo que impõe a rapidez, que constrói e destrói com velocidade, modas, produtos e vidas.

E isso é o reflexo da falta de Estado, da falta de políticas públicas efetivas na Educação, no laser, na Cultura institucional que não protege a cultura popular, que é subserviente ao mercado, aos interesses do capital e dos que nem ao menos se divertem no Brasil, vivem nos salões da Europa ou Estados Unidos, e transformam acultura brasileira na latrina do mundo.

Enquanto isso, nós perdemos tempo com gente como Rafinha Bastos, indo ao show do Justin Beaber e ao Rock in Merda Rio.

Que coisa!

Alnary Nunes Rocha Filho
12/10/2011