segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DOMINGO MEU - pretenso poema


Num domingo qualquer...

Meu corpo deixar a cama não quer

Talvez para não me deixar encarar a verdade

A verdade do domingo que não deixo de ter...


A verdade de um domingo qualquer...

Escondida na quase esquecida tarde...

Minha mente briga para não reconhecer

Que essa, quase todo domingo tenho de ver


Raro domingo de qualquer alegria...

Bom domingo de escassa paz verdadeira...

Saudoso domingo da vida que tinha...

Querido domingo de cena passageira...


Mais um domingo...

Mais um domingo de saudades incontidas...

De fome da alma

E de lágrimas perdidas...


Alnary Filho

21/11/2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CRISE CULTURAL À BRASILEIRA - Texto Próprio

Não, não vou falar diretamente sobre crise econômica, desemprego, saúde pública, educação, pelo menos não no sentido de reivindicação legítima e urgente da população brasileira. Quero abordar um ângulo que, embora perpasse tudo isso, não tem tido acrítica aguda que necessita, e vou tentar fazer isso nas próximas linhas.

Muitos tem acompanhado a mais nova polêmica da agenda da indústria do entretenimento, o afastamento de um tal Rafinha Bastos do programa semanal da Rede Bandeirantes, CQC, por que ele disse outra das suas frases pseudo humorísticas, e há quem o defenda, baseando os argumentos em: “liberdade de expressão”, “não se pode limitar o humor”, ou outra argumentação parecida. A BAND o afastou para apenas “castiga-lo”, querendo dizer o seguinte: “você até poderia dizer que comeria a Wanessa, mas que comeria o bebê dela não!”. Pois, se a BAND realmente estivesse interessada no respeito, na ética e no humor de qualidade, o teria demitido por justa causa. Mas, e o medo da concorrência? Aí usou a velha tática da “geladeira”, parece que não deu certo, o funcionário pediu demissão e o empregador voltou atrás, tentando segurar o pseudo artista. Não que exista muita qualidade no trabalho de Wanessa Camargo, mas aí não era piada com o seu trabalho, é a tentativa de parecer engraçado com uma falta de respeito a pessoa humana.

Essa“polêmica”, é mais uma artimanha na construção de uma indústria artificial de entretenimento, cujo qual é de baixíssima qualidade, que além de não contribuir para a Cultura Brasileira, ajuda a sepultar o que resta de melhor dela.

O Brasil perdeu ontem um dos seus maiores atores, um artista do humor, o espetacular José Vasconcelos, e apenas o “burguesão metido abesta” do Jô Soares fez uma homenagem a ele. Enquanto isso os sites “bombam” com notícias sobre um sujeito que surgiu ontem, que no começo demonstrou algum talento, mas que hoje “se acha a ultima bolacha do pacote”, e com isso quer impor um humor baseado na total falta de respeito com as pessoas, com piadas gratuitas e forçadas, que só é engraçado para os débeis mentais, pseudo piadas que apenas pretendem chocar as pessoas e não fazê-las rir realmente.

E assim é a mesma coisa com relação a musica, todos sabem que a MPB de alta qualidade, assim como a musica internacional de qualidade, estão banidas das rádios brasileiras, a indústria baseada na falta de discernimento e de educação, da maioria da população brasileira, impõe uma série de porcarias as pessoas, que não podem escolher, afinal todas as rádios hoje são praticamente iguais, raríssimas são as diferentes, rádios universitárias, culturais, comunitáriase até algumas piratas.

Inventam rótulos para conquistar parcelas da população preconceituosas, como é o caso da musica sertaneja, que foi estrupada, desfigurada e por fim assassinada, com o surgimento de pseudo artistas fabricados, moldados ao gosto de alguns pseudos universitários, estou falando do rótulo idiota Sertanejo Universitário, percebem a indecência? A grande Moda de Viola e a Musica Sertaneja de Raiz foi destruída para poder ser criado um modo de vender porcaria para uma classe que tinha “vergonha” de escutar e difundir uma musica autêntica e de raiz popular, a mesma coisa é feita com o tal de funk de morro, apelativo, pornográfico e pervertido. Como também ao tal de RAP, uma perversão e uma aculturação das manifestações jovens e popularares, o que tinha de qualidade nisso foi destruído, para vender porcaria sem sentido para jovens pobres e sem escolha. Quando vejo pobres meninos, oriundos de favelas, vestidos com roupas de palhaço ostentando números de uniformes de jogadores de futebol americano, com cores, cabelos, e acessórios, que mais parecem que vão a alguma festa de fantasias no “inferno”, fico indignado, pois isso é o que vem à tona da mentira que se conta a eles de que é legal isso, de que assim passam a fazer parte de uma “tribo”, etc. Pobres diabos!

A Crise Cultural pela qual passamos é causada pelo consumismo desenfreado, pelo modismo, pela prática do descarte, pelo capitalismo que impõe a rapidez, que constrói e destrói com velocidade, modas, produtos e vidas.

E isso é o reflexo da falta de Estado, da falta de políticas públicas efetivas na Educação, no laser, na Cultura institucional que não protege a cultura popular, que é subserviente ao mercado, aos interesses do capital e dos que nem ao menos se divertem no Brasil, vivem nos salões da Europa ou Estados Unidos, e transformam acultura brasileira na latrina do mundo.

Enquanto isso, nós perdemos tempo com gente como Rafinha Bastos, indo ao show do Justin Beaber e ao Rock in Merda Rio.

Que coisa!

Alnary Nunes Rocha Filho
12/10/2011

domingo, 28 de agosto de 2011

O AMOR QUE NÃO SE ESCONDE - por Alnary Nunes Rocha - meu pai!


Em 1992, dois anos antes do seu falecimento, meu querido e saudoso pai, ALNARY NUNES ROCHA, escreveu um poema para homenagear a Escola onde ele e seus irmãos estudaram. Essa Escola chma-se Escola Municipal Machado de Assis, fica no Distrito de Guaraúna, Município de Teixeira Soares-Pr. Guaraúna foi o local onde meu pai cresceu, nascido em Ibaiti-Pr. Bem criança, veio para Guaraúna, onde meu avô Alcides da Silva Rocha, se estabeleceu como Chefe de Estação de Trens, Farmaceutico e Lider Comunitário. Guaraúna é também um local que foi fundado pelos avós de meu pai. Assim, é natural o carinho e o reconhecimento pelo local das raízes, da origem humilde e da alegria dos tempos de infância.

Eu publico aqui, com muita saudades, muito orgulho e muita felicidade.


O Amor que não se esconde

Longe avistada no cerro azul celestial.
No horizonte a deslumbrante Guaraúna!...
Pequena Vila dando exemplo de moral,
Na fé de um povo acreditando que se úna,
O amor, a paz e a crença fraternal!...

Nascida com amor de efeito natural,
É Teixeira Soares sua bela capital!
Unidas e ligadas por cordão umbilical,
Seus filhos enviando para solo Estadual,
Tem o Município o respeito Federal!...

Porém, a tônica de seu povo magistral,
Está na lealdade até transcendental,
Vicissitudes, muita luta, tanta glória,
Através "Grupo Escolar" uma vitória!
Que hoje faz cincoenta anos de história

Moderno ensino do sistema nacional,
Anexando primário e curso ginasial,
Daí estar pronto começar segundo grau.
Um bom aluno é na escola e no lar,
E com firmeza enfrentará vestibular.


Alnary Nunes Rocha
29/11/1992

quinta-feira, 16 de junho de 2011

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Texto Próprio



Ontem, dia 15/06/2011, todos os meios de comunicação noticiaram a decisão do STF sobre a dita “Marcha da Maconha”. Sabiamente o STF reconheceu que os manifestantes tinham o direito, previsto na Constituição, de expressar suas idéias livremente. É claro, os que são contra a liberação da droga são muitos, mas também há vários a favor, é uma questão polêmica e o assunto realmente deve ser debatido com a sociedade, e uma das maneiras de colocar o assunto na pauta de discussões, são as manifestações populares, tanto a favor como contra.

É por isso que acho contraditório a tentativa de se criar um PL – Projeto de Lei – que criminaliza as livres expressões de quem não gosta de homossexualismo, de quem é contra o casamento gay, enfim.

A liberdade de expressão preservada pelo STF no caso das manifestações a favor da descriminalização da maconha, deveria ser preservada também para as manifestações de todos que são contra as uniões gays, que são contra a adoção de crianças por casais gays, as manifestações religiosas, para as quais o homossexualismo é pecado, respeitando assim a fé e a religião de uma grande parcela da população, entre outras manifestações.

É preciso separar o que é homofobia, do que é expressão de pensamento, os gays tem uma causa nobre contra a violência, contra a segregação e o preconceito. Porém, tem também de aceitar os que pensam diferente deles, isso chama-se TOLERÂNCIA, e é, como são as coisas equilibradas e de consenso inteligente, via de mão dupla.

A intolerância gay, contra quem pensa diferente deles, não pode ser transformada em Lei, isso é um absurdo! A liberdade de expressão é maior garantia de um País democrático, praticamente a única.

É preciso prender, julgar e punir os que cometem qualquer tipo de violência contra quem quer que seja, sejam gays, negros, mulheres, crianças, idosos...Mas, uma piada não viola ninguém, uma expressão de pensamento diferente também não. Piadas “ofendem” tanto os negros, como os gays, loiras, mulheres, gordos como eu, carecas, dentuços, portadores de deficiência, e tantos outros “diferentes”, e me parece muito injusto que queiram cadeia pra quem faz piada de gay ou de negro, deveria então por na cadeia todo mundo, inclusive para os que me chamam de rolha de poço, baleia, etc.

Ora, digamos não ao maldito “politicamente correto”, e os gays que vivam sua vida, sejam felizes, os negros também, e chega de querer prender todo mundo que não gosta de “viado” ou de “preto”, isso é um direito, e tem limite na Lei, o que é mais que suficiente.

domingo, 1 de maio de 2011

CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS - Entrevista com Roberto Shinyashiki

Recebi por e-mail esta entrevista, quem me enviou foi meu colega Prof. João Paulo Camargo, de Ponta Grossa-Pr. Achei muito interessante, até por que existe uma coisa que há muito me interessa discutir, que é a questão que implica no consumo de símbulos, os tais "símbulos de status", e supervalorização de algumas profissões, como médicos por exemplo e o menosprezo a profissões tão importantes quanto, como por exemplo, os professores. Além, do velho preconceito sobre profissões fundamentais como os dos agentes ambientais (catadores, garis, etc.) e dos trabalhodores de serviços gerais e de limpeza, enfim...O sucesso é medido dentro de valores capitalistas, no velho embate "naturalizado" do Winner x Loser...esta entrevista é mais que um alerta, é uma crítica para refletirmos...

Foto: Filme - O Diabo veste Prada

A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTO É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É -O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki - Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É - Qual o resultado disso?

Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É - Por quê?

Shinyashiki - O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?

- Qual é seu defeito?

Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:

- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.

É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki - Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: 'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros.

Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo. Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.

Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade... A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.

As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: 'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

segunda-feira, 14 de março de 2011

MUNDO DESIGUAL E MORALMENTE CORRUPTO - fragmento de Mino Carta


Aposentados os princípios mais nobres e as regras mais comezinhas da competição leal, a acumulação passou definitivamente a ser o objetivo dos mais fortes. Acumulação de dinheiro em primeiro lugar. Nominor quoniam leo, diz o leão, mas é o rei da selva e da pradaria. Nunca a lei da mata valeu para o bicho homem com força tamanha e nunca como hoje o chamado vil metal foi tão decisivo para o destino da Terra e de cada ser humano.

O dinheiro, e a febre que provoca, está por trás de tudo, desde os mercados até os parlamentos, desde as galerias de arte até os gramados de futebol. Vale, o ducado, o sestércio, o florim, para manipular a trajetória de uma ação da Bolsa ou valorizar o artista que não merece, em detrimento da qualidade de quanto os donos do poder declamam promover. E os heróis do momento chamam-se Bernanke, Summers, Greenspan, Paulson, monumentais executores do neoliberalismo. Seguidos por uma plêiade de excelentes discípulos.Vale acrescentar outros. Por exemplo, Ronald Reagan, a senhora Thatcher, Bill Clinton, a família Bush. E por que não Tony Blair e Silvio Berlusconi? Tentado pela iconoclastia, chego até o papa, que esconde enquanto pode os padres pedófilos e abriga dentro dos muros vaticanos o IOR, o banco que lava grana mafiosa.

É por causa disso também que escasseiam pensadores, poetas e artistas, a bem da glória tilintante de uma chusma de impostores. Não teriam de ser indispensáveis óculos especiais para enxergar a decadência do mundo. Razões há, só encontram resposta, contudo, na versão atual da lei da selva.

A única nota positiva, o único sinal de esperança, vem da nação árabe, expandida entre o Magreb e o Oriente Médio. Em nome de interesses movidos a grana, o Ocidente insistiu na tese do conflito entre islamismo e cristianismo já em andamento, enquanto os EUA esmeravam-se na peculiar retórica pela qual seu exército estaria a serviço da democracia, a ser finalmente ensinada aos conquistados.

A hipocrisia não tem limites. Em compensação, os povos que se levantam no Norte da África não se envolvem em guerras de religião, querem é livrar-se dos seus tiranos, sátrapas, de fato, da formidável estrutura ocidental e cristã, situada a Oeste, certamente, e nem de leve cristã. O destino da rebelião é incerto, verifica-se de todo modo que ainda há homens sequiosos de liberdade. Este enredo evoca outro, a meu ver, aquele tecido por quem entende que o tempo das ideologias acabou, como se fosse possível eliminar da mente humana a eterna dicotomia: deus e diabo, luz e sombra.

Os adeptos da ideia pensavam exclusivamente no marxismo-leninismo, mas já manifestavam ao expô-la, incauta e toscamente, a sua própria ideologia, pela qual, com a queda do Muro de Berlim, celebrava-se o enterro da esquerda. De certa esquerda, talvez. De uma específica visão do mundo e da vida, vencida ao provar seu fracasso e seu anacronismo. De minha parte, fico com Norberto Bobbio:

- O significado das palavras está sempre sujeito à interpretação, necessariamente volúvel. Quem ainda se indigna, porém, com a desigualdade, com a miséria da maioria, com a prepotência do mais forte, e se empenha contra a injustiça, chamem-no como quiserem, mas ele é o exato contrário do partidário do deixa como está porque assim me convém. Se disserem que aquele é de esquerda, não me queixarei.

MINO CARTA

Eu também! Alnary Rocha

sábado, 5 de março de 2011

O PRAZER DO PRAZER - pretenso poema



Olhando a explosão de seu rosto

Naquele exato instante posto

É sublime para o meu gosto, e me emudece...


Mas o contorcer e o desfigurar, formam apenas a imagem

O mais prazeroso é sentir, de dentro, a fantástica viagem

Seu corpo todo estremece, e me entorpece...


Há o som dos seus lábios apertados num quase assovio

Penetrando nos meus ouvidos, como quem nunca ouviu

Sua boca linda fornece, e me estremece...


A sua linda viagem ao clímax do prazer

E eu ali, sendo o seu veículo, junto a fazer

Ver e sentir seu profundo gozo, me enlouquece...


Alnary Rocha

05/03/2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A CHUVA - pretenso poema




Chove, venta, molha

As lágrimas dos céus parecem já lamentar

O estrago que farão ao chegar


Lágrimas finas lamentam chuvas passadas

Lágrimas grossas, primeiro chegam e depois lavam tudo

Levam tudo em suas aguadas


É tempo de chuva larga

É preciso cuidar para não chorar também

O nosso lamento pelo que a chuva estraga


Mas a chuva que destrói sonhos

É a mesma que os constrói

Fertiliza a terra e põe a girar moinhos


As chuvas e as lágrimas

Tão profunda natureza

Consegue reunir nas gotas o perigo e a beleza


Chuva


Alnary Filho - 25/02/2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

NUNESROCHARADA – I ENCONTRO ANUAL DA FAMÍLIA NUNES ROCHA




















A Família Nunes Rocha que se encontrou é composta por 94 membros, entre filhos, noras, netos, bisnetos e tataranetos de Alcides da Silva Rocha e Anna Ryta Nunes Rocha, meus avós, Vô Rochinha e Vó Lilita.

Estiveram presentes exatamente a metade deles, 47, a outra metade, por diversos e compreensíveis motivos não puderam comparecer, mas prometeram que no próximo encontro virão.

É preciso ressaltar que estamos espalhados por alguns Estados e Cidades brasileiras, entre as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, assim, alguns realmente não puderam organizar suas agendas a tempo, bem como, surgiram imprevistos de última hora.

O NUNESROCHARADA como apelidamos o Evento, aconteceu no dia 05/02/2011 na sede campestre do Clube Ponta Lagoa em Ponta Grossa-Pr., foi marcado pela fraternidade, o carinho e a vontade de estar perto. Alguns não se viam a pelo menos 20 anos, alguns a mais tempo, outros nem se conheciam pessoalmente, principalmente os mais novos. Eu conheci priminhos que só havia visto em fotos, revi primos e tios que não via desde os tempos de criança, e o mais incrível e notável é que conversamos como se tivéssemos nos visto na semana anterior, foi um encontro intenso e emocionante. Ao contrário do que imaginei, ninguém chorou ou quase não chorou, foi acima de tudo muito divertido e com grande gastronomia.

Agora estamos esperando e planejando o II NUNESROCHARADA.


Fotos:


1 - (esquerda) Primos: Ana Rita, Cíntia, Fabiano, Rafael, Lilo, Fabio, Eduardo, Roberto, Gilberto, Denyse, Mauro, Lilian, Sheila, Marcia, Ana Maria, Daysi e Cristiane.

2 - (direita) Quase todo mundo.

3 - (esquerda) Tio Horácio, Tia Edeni, Tio Nezo, Tio Vadinho, Tio Leleco, Tio Tom e Tio Ivan.

4 - (direita) Tia Mirian, Tia Inês, Tia Soeli, Tia Edeni, Tia Lindamir, Tia Donaide e Tia Loremi.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ESCRITO EM PROSA DE ADEUS - Anna Ryta Nunes Rocha


Esse lindo texto, escrito em 1920, pela minha querida avó, Lilita, quando ainda solteira, mostra que a aptidão de muitos de seus descendentes para as letras, de uma forma ou de outra, vem do sangue, vem também da marca dessa mulher fabulosa e extremamente carinhosa, que foi pra um lugar muito especial em 1982.

Alnary Rocha


Lembro-me como se fosse hoje: a manhã floria, num desabrocho esplêndido, quando saltei do leito naquele dia remoto.

Corri e contemplei-a, num doce embevecimento.

A luz ria, a luz cantava, num triunfo glorioso, sobre os horizontes...E o ar parecia de veludo, macio e suave, tão suave como uma carícia!

Nunca mais poderei esquecer a música sonora das aves, que tinham revôos bruscos, num desvairamento de asas...

As laranjeiras, como noivas felizes, toucadas pelo esplendor das flores, pareciam envoltas em túnicas de neve e trescalavam, embalsamando os ares, o aroma inefável das suas guirlandas níveas...

As gotas de orvalho, tombando-lhes cristalinas e puras caindo sobre um túmulo querido.

Mas, apesar da beleza universal das cousas, como tudo era triste, para mim...na vitalidade heróica da manhã! O vento leve, num sussurro melífluo, arrebatava as pétalas das rosas rescendentes, como se as conduzisse para a tua amada sepultura.

O azul do céu sorria para a vida triunfante da terra, mas dir-se-ia ter bênçãos principalmente para os mortos...

Na sua olímpica formosura, era como uma ironia sardônica para quem perdera os carinhos preciosos do melhor dos pais, como a eu me sucedera.

Súbito, numa evocação involuntária e nítida, desenhou-se-me ante os olhos a tua imagem tutelar, ungida da bondade que te era inerente, amorosa e calma, como se houveras regressado do Eterno Reino, entre fundos suspiros, os olhos se me enevoaram de lágrimas, toda empolgada pelo mistério da saudade, lancinante e imensa, paizinho, de quando te encontravas ao meu lado, afetuoso como um amigo e assisado como um mestre...E já quantos anos são decorridos!

Ao ver esfumar-se em meus devaneios o teu vulto amigo, orei, contrita, cabisbaixa, por momentos, e reconfortada voltei para casa.

Adeus, paizinho. Espero que nos encontremos algum dia lá onde hoje repousas, para fruirmos a ventura de perpétuo convívio.

Certo de que nunca deixarás de velar sobre a tua pobre filhinha, entre os rudes espinheiros da terra, ela que tudo faz para merecer-te o amor, abraça-te e beija-te carinhosamente.

Teixeira Soares, 13 de setembro de 1920.

LILITA NUNES

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

SOBRE A USINA DE BIOMASSA PRETENDIDA PARA PONTA GROSSA AUDIÊNCIA PÚBLICA DE 27/01/2011 - Texto próprio

Carta Aberta

Através desta Carta Aberta, venho respeitosamente, tentar dar a minha contribuição ao debate público que hoje se faz (27/01/2011), louvando a Democracia, bem pelo qual tantos lutaram, sofreram e morreram nesse País. Embora Ponta Grossa seja peculiarmente diferente quando se trata de democracia e temas polêmicos como que hora se discute.

Primeiramente, a questão do recolhimento e destinação do lixo, em minha opinião, hoje em dia, é uma questão estratégica e que é de fundamental interesse da população como um todo. E sendo assim, é coisa pública e não deve ser terceirizado de modo algum, nem a sua coleta e muito menos a sua destinação.

É estratégico por inumeras razões, porém vou me referir a apenas duas: A proteção do meio-ambiente e a sobrevivência digna de trabalhadores, catadores, que tiram do lixo o seu sustento.

A questão da necessidade de proteção do meio-ambiente é sobejamente de conhecimento geral, pois todos sabem das implicações fatais quando há falta de cuidado com isso, e infelizmente o ser-humano já vem há séculos, e principalmente a partir da segunda metade do século XX, destruindo o Planeta em nome dos lucros de poucos, que custa o modo de vida de todos.

O fato de terceirizar a coleta e a destinação do lixo, torna uma questão de necessidade estratéjica da população de Ponta Grossa, em questão quase que exclusiva de interesse econômico, e os interesses econômicos atropelam tudo e todos, e é por isso que está se fazendo essa Audiência Pública, onde a questão principal, a vida da Cidade e das pessoas está em segundo ou terceiro plano.

A criação de uma Usina de Biomassa já seria uma opção ruim se a mesma fosse de ordem pública, sendo de ordem privada se agravam esponencialmente os problemas ambientais e sociais. Pois, em nome dos lucros que um investimento desse porte exije, o meio-ambiente, a vida e a sobrevivência das pessoas que trabalham com o lixo, será o que menos importará, e ficaremos mais uma vez, como já estamos, reféns de uma empresa privada cujo interesse é apenas ganhar dinheiro. Não, não sou contra a ganhar dinheiro, no atual sistema, o capitalismo, o sustento das pessoas se dá através do trabalho assalariado, e ganhar dinheiro é fundamental para a vida. Porém, temos de ter limites, limites morais, limites políticos e limites legais, afinal temos exemplos gritantes de que a ganância se sobrepõe ao simples fato de se sustentar, e por ela se mata de fome milhões de pessoas no mundo, não por falta de comida, mas por falta de dinheiro, por ela morrem milhões de pessoas nos sistemas públicos de tratamento de saúde, não por falta de capacidade ou de tecnologia, mas por falta de dinheiro, e assim será com o lixo de Ponta Grossa, caso se aprove a construção dessa usina. A cidade ficará a mercê do monopólio empresarial do lixo, os governos municipais do futuro ficarão reféns de empresários cujo interesse não é o bem estar da cidade e sim de faturar. E de outro lado, os trabalhadores, catadores, mais uma vez ficarão escravizados pelos que ganharão milhões a custa de seu trabalho. Além das questões técnicas ambientais, pois 35% do lixo não pode ser aproveitado pela UB, assim o que restará a não ser enterrá-lo ou incinerá-lo? Portanto é realmente uma coisa ruim.

Mas podemos fazer diferente!

Nesse sentido, quero dar minha contribuição na forma de ideias, que talvez sejam ingênuas, talvez careçam de aprofundamento, mas não me cabe aqui ser profissional ou técnico, posso ajudar com referências a minha área de atuação, que tem resultados comprovados, e além do mais sou mais um cidadão interessado.

Por ser o lixo de interesse público, o governo municipal deveria em primeiro lugar, construir um aterro público em local adequado para o resíduo realmente sem aproveitamento, e não em área de Proteção Ambiental, como estava permitindo que uma empresa do setor privado o fizesse.

Acabar com as terceirizações no setor de coleta e destinação do lixo! Isso é uma obrigação da prefeitura, é por isso também que são pagos impostos, e investir na infraestrutura necessária para isso é dever do governo municipal. Jamais permitir que no futuro, se construam qualquer tipo de usinas ou indústrias privadas de grande porte no município de Ponta Grossa para trabalhar com lixo.

O governo municipal, com as parcerias certas, deveria investir nas pessoas, temos milhares de trabalhadores que vivem da catação do lixo e de materiais recicláveis, e em sua maioria, em péssimas condições sanitárias. Deveria iniciar em conjunto com outros órgãos, como os CRAS – Centros de Referência de Assistência Social, como também com a Rede Pública Municipal de Ensino (professores, funcionários, pais e alunos), uma campanha de conscientização para a separação do lixo (em rádios AM e FM, Televisão, material impresso), e obviamente ter uma eficiente e não terceirizada coleta seletiva.

A partir disso, a prefeitura, deveria investir em projetos de cooperativismo na linha da Economia Solidária, em parceria com o governo do Paraná e o Governo Federal.

Uma das parcerias que poderia ser feita é com a UEPG, que criou e mantém desde 2005 um Programa de Extensão exclusivo para o fomento, organização e suporte de Cooperativas e Associações de produção, que é a Incubadora de Empreendimentos Solidários-IESOL, que tem e teve durante os últimos anos diversas parcerias com orgãos de fomento governamentais, e pode, através de vários Editais que invaravelmente são lançados por diversos Ministérios, e também no âmbito estadual por algumas Secretarias, captar recursos para esses projetos, pequenos projetos que contemplem barracões, e equipamentos para a triagem , enfardamento e para outras fases iniciais de manipulação de materiais recicláveis, bem como a fabricação de adubo orgânico através de compostagem. Essas pequenas cooperativas podem se espalhar pela Cidade, organizando grupos de 20 ou 30 trabalhadores nos bairros e vilas. Isso gera trabalho, renda, dignidade e qulidade de vida as pessoas e essas ações tem uma influência muito grande e positiva nos outros problemas e carências sociais que a Cidade tem, para além do problema causado com o lixo que produz.

Feito isso, apoiar a criação de uma Associação de Cooperativas de Catadores, cujos quais tem até uma Federação Nacional, criando assim, uma entidade que congregaria representantes de todas as cooperativas de trabalhadores, catadores. Essa Associação poderia, através de financiamento público, ter a construção de uma Indústria Recicladora, em local apropriado e de fácil acesso, que seria fornecedora de matéria-prima reciclada para outras indústrias, como também de produtos acabados para o mercado. Gerando assim, renda e dignidade para inúmeras pessoas que estão no mercado informal de trabalho, tem pouca ou nenhuma qualificação e também para os inúmeros desempregados.

O programa de extensão citado, tem caráter multidisplinar, o que garantiria o suporte técnico-educacional aos grupos apoiados pelo setor público, desde a criação das cooperativas, cursos e oficinas específicas, até a sua independência da incubação. De outro lado, também contemplaria a efetivação do necessário tripé ensino-pesquisa-extensão, socializando o conhecimento produzido dentro da academia, bem como daria uma formação complementar extraordinária aos estudantes de diversos cursos da Universidade, abririam-se novos campos de pesquisa, criação de novas tecnologias sociais, oportunidades de bolsas de iniciação científica, publicação de artigos e pesquisas, que fundamentalmente trarão o crescimento da sociedade pontagrossense como um todo.

É preciso ressaltar que a IESOL, não precisa ser a única incubadora da Cidade, temos a UTFPR e também várias insituições de ensino superior privadas, que poderiam criar suas incubadoras e trabalhar na mesma linha de ação, separadamente ou em conjunto, já que existe hoje no Brasil a rede nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, Rede de ITCPs, espalhadas por mais de 50 Instituições de Ensino Superior do País e que tem hoje muita experiência nesse tema.

Portanto, eu vejo a questão do lixo, como questão social, educacional e estratégica para o desenvolvimento, não apenas para poder ter respostas do que fazer com o lixo, mas como fazer do lixo um catalizador de desenvolvimento sustentável local, e a união de todos esses atores, e também de outros, poderia ser a solução de longo prazo para muitos dos problemas graves que temos: Educação, Trabalho, Saúde, Segurança, Meio-ambiente, etc.

Essa ideia, não é nova e nem é apenas minha, de modo geral, muitos pesquisadores e analistas já escreveram sobre isso, e em muitos países da Europa já é praticado, com as naturais diferenças culturais e sociais que existem entre Europa e América Latina.

Talvez seja a solução para diminuir os problemas de saúde da população de modo geral, e com certeza é a solução para o problema de salubridade do trabalho dos catadores e das suas moradias, é para a geração de trabalho e renda, que por sua vez inserirá pessoas na economia local trazendo crescimento econômico e arrecadação ao município, a formalização do trabalho, a capacitação profissional, a manipulação correta e técnica do lixo produzido na cidade, a destinação coerente e sustentável do lixo que terá consequências positivas para a proteção do meio-ambiente, o incentivo para a pesquisa e a criação de novos conhecimentos e novas tecnologias, e também a formação de novos profissionais.

Não podemos mais compartimentalizar os problemas, tudo tem ligação e consequências, e o setor público tem que tomar as rédias disso, no mais profundo interesse da sociedade, e não no interesse de empresários ou no interesse do capital, esses já sabem o que fazer e o tem feito há muitos e muitos anos, e raríssimamente saem perdendo.

Desse tipo de investimento, o investimento nas pessoas, o retorno que se espera é, uma sociedade digna, saudável, democrática, que respeite o direito de todos, assim como, que cobre adequadamente os seus deveres.

O governo municipal e os vereadores, não podem mais ver essas questões como gastos, e sim como investimentos. O melhor investimento para o futuro é o investimento nas pessoas, tanto as da ponta mais frágil, cujas necessidades são emergênciais, bem como o futuro de todos os cidadãos da cidade de Ponta Grossa.

A Ponta Grossa do futuro, se constrói agora! As decisões tomadas hoje tem consequência logo alí adiante.

Alnary Nunes Rocha Filho