quinta-feira, 17 de abril de 2008

RESISTIR PARA SOBREVIVER


Hoje se completa 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás – PA.
Também hoje se completa 17 dias do assassinato de Eli Dallemole, coordenador do Assentamento Libertação Camponesa em Ortigeuira-Pr.

Todas as manifestações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nessa semana é para não deixar as pessoas esquecerem das ameaças, dos incêndios criminosos que deixaram centenas de pessoas, homens, mulheres e crianças sem nada, e assassinatos cometidos contra esses trabalhadores. Crimes cometidos por milícias armadas, montadas e coordenadas por latifundiários, caudilhos tardios, “coronéis” fora de época. E mais, para que nosso Governo tenha a coragem de fazer realmente a Reforma Agrária.

Os que se agarram no paradigma da propriedade privada nunca vão entender o direito natural do ser humano ao acesso a terra, simplesmente porque não vêem diferença entre o proprietário que produz na sua terra e o que especula com ela, entre o que dá empregos no campo (poucos) e o que explora o camponês. Entre o honesto e o traficante. Todos são proprietários, mas é preciso mostrar as diferenças.

O MST é o Movimento Social de maior destaque na América Latina e um dos mais importantes do Planeta, e sua luta transcende o acesso a terra, sua luta é por direito à vida, por direito ao trabalho honesto, à educação, à saúde, à plena cidadania.

É preciso que as pessoas procurem entender a luta do MST, é preciso filtrar as informações que recebem da mídia, uma mídia parcial, controlada pelos interesses dos poderosos, latifundiários, multinacionais do agronegócio e seus comparsas do mercado capitalista. E é claro que nunca vão mostrar as famílias do MST como famílias, igual a minha, igual a sua, só que estas estão nas condições mais adversas, e estariam pior ainda na cidade, nas periferias, nas favelas, não, não mostrarão, por que simplesmente a mídia “demoniza” o MST, e “endeusa” a propriedade privada e seus patrocinadores.

Os grandes latifundiários, as grandes multinacionais do agronegócio e dos transgênicos, seguram-se nas Leis quando lhes convêm, e as transgridem também quando lhes convêm, porém, quando um Movimento Social legítimo, como o MST, transgride também, não recebe o mesmo tratamento, nem da Lei, nem da mídia, é sempre o “bandido” da história.

O Brasil precisa da Reforma Agrária, precisa ser um País que produza alimentos, precisa assentar imediatamente as 150 mil famílias acampadas, precisa urgentemente fazer valer as políticas públicas de crédito e desburocratizar o acesso ao Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). Precisa punir exemplarmente os assassinos de trabalhadores rurais, mortos por defenderem uma causa mais do que justa, os seus direitos inalienáveis às suas vidas e das suas famílias e ao acesso a terra.

A luta continua, o MST resistirá, hoje e sempre, e sempre sobreviverá.

Alnary Rocha
17/04/2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

CAIXA DE ABELHA - pretenso poema


Enquanto você
Está seguro em casa
Vendo TV

Calando seu cérebro
Tapando seus ouvidos
A noite o mundo gira
Sem mostrar os seus ruídos

Ruído que é calado pela informação
Que desinformado deixa o cidadão
Pensa que está tudo bem
Pela vida que tem

Quem não tem escolha
É que sente

Grosso calibre
Treze no pente
“Azeitona” na mente
Não vai ser diferente
Não vai ser não

Enquanto você
Está seguro em casa
Vendo televisão!

Alnary Rocha
16/04/2008
(MBG)

domingo, 6 de abril de 2008

A LISTA - Osvaldo Montenegro



Faço uma lista de grandes amigos
Quem você mais via a dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?

Faço uma lista de sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados para sempre
Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece?
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos você guardava
Hoje são bobos, ninguém quer saber

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve de cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Era o melhor que havia em você

Quantas canções que você não cantava
Hoje, assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje, acredita que amam você

Osvaldo Montenegro

sábado, 5 de abril de 2008

PALAVRAS - Ivo Rodrigues Jr. e Paulo Leminski


Palavras
Minhas palavras
Chamas nos seus ouvidos

Poemas
Minhas palavras
Minhas palavras, são tuas, tão nossas

Sou eu, sou, você sabe
Eu sou seu problema, uma frase
um poema, um bom dia que você escutou

A meia-noite, uma palavra, meu nome
Chamas nos seus ouvidos

Meu nome a meia-noite
Chamas meu nome

Metade de mim te procura
Metade te acha

LOBA DA ESTEPE - Helio Pimentel e Ivo Rodrigues Jr.


MUSICA DA BANDA BLINDAGEM


Meu sangue vermelho
Não reflete no espelho
Brilho da estrela
Olhos cegos
Não posso vê-la

Meu sangue vermelho
Corre no cristal
Noite clara de lua
Loba da estepe
Te espero
Minha alma é sua

Eu te mandava pra longe da terra
Pra não te ver mais
Pra você eu inventava uma guerra
Mas não sou capaz

Loba da estepe
Te espero
Minha alma é sua

A MILONGA PERDIDA - Péricles de Holleben Mello


Cidade triste
Tecer contigo a relação cotidiana
Até o alto da Catedral
Desde o baixo das Uvaranas

Rondar contigo pelas tardes lentas
Afugentar a dor que me sustenta
E pelas lágrimas de um antigo amor
Buscar tuas veredas

Desta varanda de onde te vejo adormecida
Voltar sozinho do meu cansaço e medo

Mais uma vez tuas ruas
Teus olhares secretos
Cantos que só eu sei.

Te caminho pelo dorso iluminado
Te suplico que venhas ao meu encontro
Com teus meandros de fel
Com tuas manhãs de sábado
Teus barulhos, teus baldios

Se te persigo cidade
É sombra de velha sina
Talvez tua água ou teu vento
Teus telhados nas colinas
Os engasgados silêncios

Quando te cruzo cidade
Alguma coisa por dentro
Anseia uma outra cidade
E se insurge contra o tempo

Cidade triste
Há lamentos nos bares
Nenhum murmúrio nas praças
Operários sem rumo
Sucumbem ao pó das fábricas
E penduram seus sonhos.
Nas vila abandonadas
Dias de tédio que passam.

De noite em Uvaranas
Quando a lua se inclina
Brotam amores curtos
Na rude solidão
Dos quartos proletários.
Que restará de manhã?

Cidade triste
Procuro em tuas ladeiras
A milonga perdida
Sinto os meus passos.
Teu pulsar se alastra em minhas entranhas
A cidade que respiro é a última.