quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

THEMIS - Pretenso Poema


Themis...o que você teme?
Não há o que temer, a vida é um risco
E o nosso tempo é um cisco...

Themis...nome forte e sólido
A verdade por princípio
A vontade como um vício...

Themis...a vida não espera
O mundo é nosso...se quisermos
Nossos sonhos além da esfera...

Themis...olhos que falam
Jeito que encanta
Sorrisos silenciosos que gritam...


Alnary Rocha
31/07/2008

ELA É DEMAIS! - Pretenso Poema


Essa menina é demais!
Ela é linda e inteligente!
Fera felina
Ocupa meu coração e mente

Ela tem sempre algo a mais
Que me deixa muito contente
Mulher menina
Voraz para a minha alma carente

Saudades! Gosto de quero mais...
Sinto estar tão distante
Menina Mulher
Sonho seu beijo novamente

Alnary Rocha
17/03/2008

LAR DOCE LAR DOS MALUCOS - versão própria


Fui convidado
Pruma festa num bar
Lar doce lar dos malucos
É nome do lugar

Poster do Raul na parede
E uma banda a tocar...
Rock'n roll nas alturas
É aqui que eu vou ficar

Garçon me traz, uma cerveja!
Manda um Rock pra gente cantar
Isso que é o bom da vida
O resto pode esperar

O Doce lar dos malucos
É o nome do lugar
Vem matar sua sede
De Rock'n roll nesse bar

Jean Carlo – VLAD V
versão Alnary Filho
11/12/2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MEIA IDADE: Rosaldo Rocha e Regina R. Rocha


Recebi essas palavras através de e-mail, do meu querido Tio Tom, são sábias e verdadeiras palavras, e aqui publico com muito carinho e saudades da querida Tia Regina.
Obrigado!!


(...)O viço da mocidade...não deve ser visto como algo que se perde mas, sim, como uma novidade que ganhamos. 
 
Ao nos determos um pouco mais em nós mesmos, passamos a perceber as naturais modificações físicas/comportamentais que somente é possível àquelas pessoas que têm a oportunidade de vivenciar esta graça de estar presente e não sucumbir diante de tantas mudanças que afligem e causam perplexidade na sociedade.
 
Tenho comigo guardado uma reflexão da Rê de 1996 que encontrei entre suas coisas pessoais que a meu ver, bastante realista, nos encoraja a vivenciar o AGORA como único recurso que dispomos para preparar com lucidez as novas gerações.  Tal pensamento é o seguinte: 

"A felicidade não deve dissipar-se junto com o viço da mocidade, mas, sim, consolidar-se na educação, na estabilidade emocional e na sabedoria trazida pelo tempo e ajustada ao outono do corpo.
 
O aumento da duração da vida é inequívoco.  Devemos assim, preparar as gerações futuras para o envelhecimento produtivo, com a serenidade objetiva de quem procura e encontra novos valores existenciais.
 
A mudança do espírito deve estar mais para a luz da aurora do que para a nostalgia do crepúsculo."

Regina Rosas Rocha
Saudosa e querida “Tia Regina”
1996

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

AMO-TE - Querida Anônima


Amo-te na grandeza desse instante
que se faz eterno,

Amo-te na hora
em que estamos juntos,

Amo-te na saudade
em tua ausência,

Amo-te nos nossos beijos de carinho
e em nossos beijos loucos de paixão.

Amo-te quando enxugas
minhas lágrimas com tua língua
e me acendes o sangue com teu amor.

Amo-te quando te dou meu corpo
como se fora uma oferenda,

Amo-te na oração com
que agradeço a Deus ter te encontrado.

Amo-te, amo-te, amo-te querido,
amor que procurei por toda
a vida e sem o qual sufoco.

Amo-te como se ama
aquele ser especial há
tanto esperado, como se ama
o último alento de vida.

Amo-te, amo-te, amo-te.

Autora: Querida Anônima 16/10/2008

VOCÊ...SÓ VOCÊ - Querida anônima




Qual contas de um colar
Você se desfecha
Em uma cortina a cair
E esse manto se faz
Em um eterno e sublime reluzir.

Mas, no translúcido
Da gotinha congelada,
Uma explosão de cores se apresenta
Basta um tímido raio solar
Para que o arco íris
Em seu prismático fluir,
Surja enchendo o céu azul
De brilhos fruta cores.

São partículas de vida
Como aquelas que penetram
Os corações apaixonados.
Que se deixam embriagar
Pelos beijos do ser amado
E se perdem em sonhos
Qual mundo da fantasia
Entre duendes, magos e princesas.

Mas como separar
Fantasia da realidade
Se mesmo no mais vã dos sonhos,
Nossa realidade é preemente.

É como aquele
Que se entrega ao primeiro amor.
Sonho buscá- lo
Sempre que necessário,
Pois é só nele
Que nossa alma
Repousa em paz
No amor verdadeiro

Que culpa tenho Eu

De comparar-te com uma estrela,
Se tens um brilho tão intenso...
Um olhar felino no corpo de uma sereia,
Juro, só de te olhar já fico tensa...

Que culpa tenho Eu

De confundir-te com a luz da lua,
Ou até mesmo com o azul do céu,
Se me és tão lindo, tão puro
E teu beijo é tão doce quanto o mel...

Que culpa tenho Eu

De comparar-te com o mar de outono,
Ou até mesmo com o pôr-do-sol...

Autora: Querida Anônima 16/010/2008

sábado, 30 de agosto de 2008

SEM DÓ - Barão Vermelho



Eu sei que você viu na TV
O assassinato de crianças de rua
Mas será que você viu na TV
As manchetes dos jornais do dia
A moral de países irmãos
Que nos acusam de selvagens
Com suas competentes organizações?

Será que você viu na TV
Os nossos sonhos destruídos
Juros altos, vistos negados
Portas fechadas para a civilização
Que moral tem esses falsos irmãos
Que nos acusam de selvagens
Com suas competentes organizações?

Será que eles se preocupam com a gente?
Será que eles realmente se preocupam?
Julgar e condenar parece fácil
Será que eles realmente se preocupam?

Ou será que somos um espetáculo a mais
Nos seus telejornais
Um museu de horrores a confirmar
O seu lugar de civilizado, primeiro mundo?
Aquele que destrói sem deixar vestígio
Onde o único sinal é a riqueza cada vez maior

Não sei se você viu na TV
As consciências de perfume francês
Ou se ao mudar de canal assistiu
As imagens da guerra civil
No continente pai do humanismo
Pessoas também morrem todo dia
Assassinadas sem dó
Por credo, nacionalidade e cor

Roberto Frejat et ali...
CD Carne Crua – Barão Vermelho
1994

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

MIXFM - Mais lixo na radiofonia de PG? - publicado no Diário dos Campos, edição de domingo 17/08/2008 - seção "ensaio" pág. A4



Um Adeus a uma Rádio de Qualidade nos Campos Gerais

Estava muito bom pra continuar, que gente mais "Maria vai com as
outras". Quando começávamos a pensar que Ponta Grossa estava entrando
numa nova era, com shows de rock de nível mundial, as portas do show
do Scorpions, com a probabilidade de outras grandes bandas virem tocar
aqui. Acontece isso!

Nada disso! A lógica de uma estrutura questionável, no pior sentido,
pois só faz idiotizar as pessoas, que já tem uma péssima educação
pública, não lê coisa nenhuma, e tem como uma das únicas diversões as
emissões de rádio, perdeu mais uma vez.

Até agora, ou ouvintes do rádio em PG e Região tinham uma opção de
reconhecida qualidade técnica e musical, que não tocava apenas o velho
e bom rock'n roll, mas tinha espaço para a musica popular brasileira,
música de verdade, e não algumas dissonâncias que as "gloriosas"
rádios locais tocam, abduzindo o cérebro da adolescência (quase)
perdida, e não só a adolescência pobre, mas também a pobre de espírito
da adolescência abastada... dos carros "tunados" sem senso de
ridículo, verdadeiras penteadeiras, com aparelhagem de uma potência
que se pode ouvir em Castro (40 km distante), incomodando as pessoas e
os hospitais, e o pior, tocando coisas de uma questionável qualidade
(como funk, rap, melopagodes e sertanojos). Sem falar dos adultos de
todas as classes sociais, que escutam músicas pelo "aval" da Veja, e
assistem a "maravilhosa" e indefectível programação televisiva local.
Meu Deus!

Num contexto de tal nível, alguém poderia exigir moral ou princípio
ético da sociedade... que tenha ordem, espírito cidadão ou dignidade
humana? Com tanta música de qualidade (tanto de letra quanto de
composição) duvidosa, como falar em qualidade sonora? Quais os ícones
da geração, para quem se habitua a ouvir a referência da programação
musical das principais emissoras da Região? E, agora, entra para o
mesmo "clube", o dial da "falecida" Rádio Rock 94,7, Vila Velha FM.

O Rock é rebelde sim, suas origens estão nos filhos dos mineiros
explorados da Inglaterra, copiados pelos americanos, que, como sempre,
querem a gloria de tudo, salvo pelo Jazz e pelo Blues oriundos dos
escravos negros. Rock é muito mais que som, muito mais que moda, é
estilo de vida, é ideologia política! Assim como a grande e verdadeira
musica popular brasileira.

Nós estamos sem rádio em Ponta Grossa de novo! Sobram as notícias
(menos mau, escolha bem!) e as rádios de programação religiosa, outras
dopadoras de cérebros.
Mais uma vez, quem perde é o povo, e os sórdidos saem ganhando, essa é
a democracia, onde também tem de dar voz aos imbecis, aos
gananciosos, aos aproveitadores e as "vacas de presépio" que sempre
dizem "amém" a tudo.

Alnary Nunes Rocha Filho
Geógrafo, Mestrando em Ciências Sociais Aplicadas – UEPG.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

TALVEZ - escrito próprio


Talvez não seja a hora de...
Olharmos dentro de nós mesmos
e vermos que a vida é curta...passageira

Talvez as chances de sermos felizes sejam...
únicas e verdadeiras e que nossos castigos
venham porque as desprezamos...jogamos fora

Talvez joguemos fora por obstáculos que nós mesmos criamos,
não acreditamos nas nossas capacidades de concretizar sonhos,
não acreditamos que podemos e devemos sonhar...

Talvez tenhamos tido inúmeros sofrimentos para o nosso crescimento...
E nós tenhamos ganho esse amor que nos move, nos preenche e não se dissolve
Porque talvez, seja nosso prêmio por termos vivido os nossos dramas...

E talvez, não tenhamos nos dado conta disso
Talvez...
Mas talvez...
Não! Chega de talvez...o talvez faz parte, não há
certeza de nada...

Apenas do que sentimos, do que pulsa em nossos corações...a mania de
querermos a certeza concreta, quando na verdade, ela é abstrata,
subjetiva, e está dentro de nós...

Mas nossos cérebros racionais e complicados
querem dar ouvidos a razão...as vezes é bom...mas a
sensibilidade de nossos sentimentos sempre nos dão a direção
correta...

Nossos sentimentos são as únicas certezas...
A minha única certeza...

Alnary Rocha
01/12/2006

CONSTATAÇÃO - pretenso poema


É impossível não pensar em você!
Foi o que sempre eu fiz...
A maior parte do tempo um doce glacê

O que temos é inquebrável, descobri!
Amor, paixão, loucura, química, mágica...
É como ouvir o canto do colibri

Terremotos, palavras jogadas com eletricidade!
Mágoas e juras de esquecimento...bobagem
Basta um alô de saudade, pula o coração em velocidade

Fizemos força pra esquecer, quisemos nos esconder!
Saudade, o gosto do beijo, vontade...
Sentimos o irrefreável impulso do querer

Temos algo que poucos conseguem viver!
Alguma coisa inexplicável, além dessa vida...
Um amor, um calor, que jamais deixaremos morrer

Não é pretensão, tampouco é presunção!
É coisa de que se tem prova, se sente na alma...
É a constatação pura e simples do coração


Alnary Rocha
22/12/2006

CURTO CAMINHO - pretenso poema


Primeiro dia:

No silêncio da minha casa eu fico a esperar,
Esperar o toque do telefone, uma mensagem qualquer
E deixo o dia passar...
Tento respirar e fazer a vida valer
Não consigo parar de pensar

Segundo dia:

Na imensidão e solidão da minha cabeça
Escuto o fone tocar
Não era quem esperava, era alguém que se enganava
Eu estava contrariando o amor próprio a reclamar
Resolvi deixar meu pensamento vagar

E sem esperar...
Você notícias minhas queria
Não imaginava, nem o calor, nem o amor
Estava quase sepultado e que não mais viveria
A vida reserva surpresas e maravilhas e eu com a dor
Você pouco disse, mas o que disse me trouxe de novo alegria

Terceiro dia....em frente

Me vejo hoje a escrever novamente
O amor latente no coração e na mente
Você me trouxe de volta a vida e a esperança
Me deu todas as palavras, me fez virar criança
Homem maduro e ser permanente

Com você tenho coragem pra ir em frente
Teu amor me aquece a alma
Vejo as coisas que se foram por outra lente
Você me tira do eixo e ao mesmo tempo me acalma
Sonho com teus olhinhos e teu abraço quente
Te quero ver, te quero abraçar, quero beijar tua alma

Alnary Rocha
30/04/2006

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O QUE VOCÊ QUERIA? - pretenso poema



Enquanto você olhava meu quarto...
Acomodava-se e diminuía as luzes...
Você queria o meu sangue e minhas lágrimas
O que você quer?
O que você queria de mim?

Eu tinha de falar até não poder mais...
Ficar dizendo coisas que você não acreditava...
Você era tão difícil de satisfazer...
O que você quer?
O que você queria de mim?

Pensava que eu sabia coisas que você não sabia...
Se eu não prometesse verdades...
Você ia embora...
O que você quer?
O que você queria de mim?

Que deveria eu fazer?
Continuar a loucura?
O prazer não bastava...
O que você quer?
O que você queria de mim?

Você não precisa de mim...
Você pode infernizar quem quiser...
Você caiu fora, enfim...
O que você quer?
O que você queria de mim?

Você se perdeu na sua loucura...
Quase me enlouqueceu também...
Aquilo não era amor...
O que você quer?
O que você queria de mim?


Alnary Rocha
12/07/2008

terça-feira, 8 de julho de 2008

O INFERNO É AQUI ! - texto próprio




Sinto muito dizer isso, mas realmente, é isso que está patente, porém, todos fingimos que está tudo bem, as loucuras, as monstruosidades são apenas notícias nos jornais e na televisão, telejornais e revistas eletrônicas, que esperam sempre a próxima tragédia para pautar nossa vida.
Explodem nas telas as indignações já esperadas do senso comum, mas, não suporto ver a cara pré-fabricada dos apresentadores do fantástico, dos demais telejornais e aquela cara ridícula do Faustão, tentando ser inteligente e porta-voz do povo, numa clara intenção de se mostrar diferente do que realmente é, um babaca, palhaço sem graça no picadeiro do Projac, com um vocabulário que não tem mais de meia dúzia de palavras: “dignidade, ôo loco, galera, pessoa humana...”

“Ás vezes eu penso... só uma bomba pode mesmo acabar...com todo esse lixo”

O inferno é aqui sim!
Uma vez um professor do meu curso de graduação, nos idos dos anos 1990, numa aula, disse para que tentássemos imaginar o Planeta sem o homem. Depois disse que a Terra seria perfeita, funcionando em harmonia, com os seres vivos nascendo, vivendo e morrendo, se transformando em nutrientes para que novos seres existissem, o ciclo da água, a atmosfera limpa, e principalmente, sem a violência gratuita e louca que só o ser humano produz. A natureza já é necessariamente violenta, a cadeia alimentar e a sobrevivência do mais forte, a existência das presas e dos predadores, mas mesmo assim em harmonia, sem matança gratuita, sem guerras, etc.
Porém, nunca atrocidades como a do índio Pataxó queimado vivo para diversão de boysinhos de Brasília, assassinato de garotinho de 7 anos por esmirilhamento no asfalto, menina de 12 anos vendendo o corpo, recém nascido jogado aos cães para ser devorado, espancamento por diversão de empregada doméstica por filhinhos de papai da Barra da Tijuca, filhos jogados de prédios pelos próprios pais, corrupção secular na política, fome, saúde pública em frangalhos, escolas públicas com qualidade de esgoto, desemprego, religiões contra a ciência que pode salvar vidas e enganando seus fieis por dinheiro, a alegria do futebol destruída por imbecis que vão aos jogos para se matarem e matarem inocentes, a indiferença da sociedade diante da miséria, dizendo sempre que “eles” tem de resolver, nunca se colocando como parte fundamental de tudo...enfim, o retrato do inferno.

“Acreditar que eu sei... nada vai mudar...a terra já está fedendo.”

Sim, senhoras e senhores, o inferno é aqui!
Só que não tem a forma de um lugar cheio de fogo, com uma figura mitológica de chifre e rabo com tridente na mão, não, quase não é possível identificar uma imagem, senão as fotos das bestas depois de presos, e aproveitem pra ver agora, pois muito em breve estarão soltos, ou a carrancuda fuça de um político, ou ainda o rosto miserável de uma criança de rua.
Graças as sucursais do inferno, que são os fóruns, os bancos e alguns órgãos públicos, onde deveria existir a prática da justiça, o acesso a plena cidadania, mas onde apenas há mais preconceito e violência, onde, por exemplo, um pobre trabalhador rural não pode ter sua demanda atendida por estar calçando chinelos de dedo.
É, esse inferno é real, e aqui fiz apenas um pequeno recorte, nem falei do crime organizado e do narcotráfico, recorte feito dentro da pauta esperada e divulgada pela mídia irresponsável, que permite que idiotas falem idiotices em “horário nobre”.
E não é?
O que um ator de novela pode falar desse inferno? Só por que faz um papelzinho medíocre num folhetim eletrônico, e ainda por cima conduzido por um retardado mental como o Faustão, que coloca autoridades no ar sem o tempo necessário para debater assuntos tão sérios e profundos como as violências acima citadas, e mais, ali não é o lugar e nem o momento para isso. Ou os telejornais com os tons fingidamente sérios de apresentadores, que mudam imediatamente de feição conforme a notícia, cara de pesar para notícia de desgraça e dois segundos depois, um largo sorriso para dar uma notícia fútil ou engraçada.
É essa a informação torta que o povo recebe, reverbera e ladra por curtos momentos, esquece, e novas desgraças surgem para o próximo debate de segundos.
Que merda de mundo é esse?

Mas como diz o restante da letra da musica “Bomba” de 1982 do Patrulha do Espaço:

“Mas va á luta...pra não dançar...”

Sim, estamos na luta, não fugimos, e uma das formas, é escrever aqui a minha real e verdadeira indignação com os fatos, com todos os fatos, principalmente com programinhas medíocres e massificantes como o do Faustão, que é um palhaço em verniz sofisticado pela vênus platinada, que jamais deveria tentar parecer intelectual, por que fica claro que ele não é, e não seria nem que se esforçasse muito, porém, continua distorcendo fatos e impregnando com seu ar fétido e falso as tardes de domingo na TV aberta.
E isso acontece enquanto um programa agudo como o CQC da Bandeirantes, que transforma a notícia em programa de humor, e mesmo com as reservas necessárias, acaba chamando a atenção e faz pensar, pondo em cheque algumas das ditas autoridades do País com perguntas desconcertantes e inteligentes, fica um tempo censurado e impedido de entrar no maior picadeiro brasileiro que é o Congresso Nacional. E mesmo que isso não seja o ideal, nem perto disso é claro, pelo menos traz a notícia de forma inteligível, decodificada, bem no formato que essa sociedade deformada pode entender.

Alnary Rocha
08/07/2008

domingo, 6 de julho de 2008

RECOMEÇO - pretenso poema


Teu amor escorria muito gostoso
Era delicioso escutar sua respiração
Essa, se parecia com as ondas do mar

Para mim era impossível acabar
Um lugar que pudesse existir a dor e a solidão
Não podia crer num pesadelo tão espantoso

Quando pensava nela
Queimava de raiva e desejo
Enlouquecendo sim, eu estava

Imagens, devaneios insanos dela a sorrir
Mas isso já não era mais para mim
E eu fazia promessas que não podia cumprir

Então senti avisos por todos os lados
Decidi tirar de dentro do peito
Tudo o que me fazia o maior dos tolos

Abandonei a angustia e a revolta
Estava no caminho da escuridão, mas...
Venci, e foi ela que pegou isso de volta

A minha vida é o que agora importa
O fogo da paixão consumido
O coração sossegado abre novamente a porta


Alnary Rocha
07/06/2008

sábado, 5 de julho de 2008

SOB O MANTO - pretenso poema



Sob qualquer manto
Seja loura, seja ruiva ou morena
Seu ar, é um lamento

Sob o macio olhar, o agudo falar
Palavras um dia doces
Hoje, apenas o silêncio tumular

A vida não espera, acelera
Obrigações e tarefas sentidas
Sonhos, outrora metas, reprimidas

Feliz de quem realiza os sonhos do querer
Felicidade, é o que te desejo para sempre
Eu hoje, feridas curadas, sou um “dream maker”

E sob qualquer manto
Eu planejo, articulo e realizo
Deixei, há muito, o lamento

A cor brotou do cinzento
Mas mesmo assim...
Você não caiu no esquecimento

Te desejo o melhor, à todo momento
Saúde, paz e prosperidade
Atenção, essas não são palavras ao vento

Mas, explicando esses versos e o sentimento
Se hoje não tenho mais aquelas feridas...
Há ainda, pra meu pesar, o seu ar de lamento

Sob qualquer manto
Viva com a maior intensidade a sua vida
E livre-se de qualquer sofrimento

Mil perdões pela ousadia
E que a paz com o seu manto
Te cubra noite e dia

Um beijo

Alnary Rocha
05/07/2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

NAZI-FACISMO SOCIAL EUROPEU NO SÉC. XXI



Tenho a impressão que o inverno, no calendário oficial, iniciado esses dias está mais frio. As pessoas se queixam mais. Não sei se me acostumei ao calor de João Pessoa, mas também sinto mais frio nesses dias em Campina Grande.
Entretanto, o que me faz nessa madrugada gelada na Rainha da Borborema, a véspera de mais um São João, escrever alguma coisa, é a indignação contra as diretivas contra migrantes da União Européia aprovada essa semana pelo seu parlamento. A Velha Europa não usa mais nenhuma máscara. Suas definições contra os povos do chamado, em outras eras, Terceiro Mundo, mostra os dentes afiados de uma burguesia decadente e sem rumo.
Decadente do ponto de vista moral, pois os valores hegemônicos dos setores dominantes da Velha Europa são reacionários, atrasados, ultrapassados. O sentimento xenófobo-fascista avança em todas as formações políticas dominantes no velho e senil continente. Dos Democrata-cristãos, que de democratas não têm nada e de cristianismo só a parte podre; à Social-democracia falida, que é hoje, em essência, a mesma coisa: neoliberais em suas teorias econômicas e fascistas em seu pensamento social, todos estão contra o povo pobre. Essa é palavra de ordem deles.
Boaventura de Souza Santos, em entrevista recente que repassei a todo mundo essa semana, chama a atenção, com razão, ao “Fascismo Social” de alguns setores políticos na América Latina. Refere-se especificamente aos separatistas bolivianos e aos governos Uribe (Colômbia) e Alam Garcia (Peru). Poderíamos acrescentar os fazendeiros argentinos em conflito aberto contra o governo democrático de Cristina Fernandez; a oposição venezuelana, fascista de nascença e aos jornalistas globais brasileiros que batem sem piedade no que o Governo Lula tem de bom e elogiam freneticamente o que tem ruim. Boaventura diz que vivemos uma situação híbrida entre um sistema político democrático e um fascismo social.
Desculpem os crédulos nessa democracia do Boaventura, que ele fala em radicalizar, mas o fascismo a que ele se refere com exatidão é exatamente o correspondente social dessa chamada democracia, cujo epicentro e a fonte estão nessa Velha Europa que conhecemos hoje, embora tenha evoluído bastante nos EUA.
A Democracia, tal qual a conhecemos hoje, praticada na Europa, nos Estados Unidos e em grande parte do mundo é a expressão política de uma sociedade de classes, onde o fosso entre pobres e ricos, explorados e exploradores aumenta aceleradamente. Esse sistema de democracia representativa está cada vez mais distante de representar legitimamente a sociedade em suas contradições sociais, pois a população pobre aumenta a cada dia, e sua representação política se reduz a cada eleição. Na realidade é a expressão dos interesses do capitalismo atual, em sua fase neoliberal genocida: os trabalhadores mais explorados e submissos do que nunca, os lucros também maiores do que nunca.
Essa situação se radicalizou com o fim da União Soviética. Embora que, na Europa, o avanço do Eurocomunismo e da Social-democracia “light”, a partir da 2ª Guerra, indicavam que os traidores das classes trabalhadoras prestariam fielmente seus serviços à burguesia fascista daquele continente. Para muitos da esquerda que comemoraram o fim da URSS e da experiência socialista do século XX como avanço da democracia restou a opção de mudar de lado. Justificar suas posições aceitando o fascismo social em detrimento de uma democracia representativa cada vez mais aperfeiçoada, dizem esses “democratas radicais”. Para esses não importa que 8 milhões de africanos, sul-asiáticos ou latino-americanos sejam expulsos no chicote da Velha Europa. Justifica-se pela lógica da globalização. Vi um neofacista desses outro dia dando entrevista empalitozado à frente de uma estante repleta de livros culpando os países da África, da América Latina e da Ásia por se ter tantos emigrados dessa parte do mundo na Europa, nos EUA e no Japão. Segundo ele, esses países “não fizeram o dever de casa”. Fascista.
Grande parte da riqueza que exibem esses fascistas europeus foi extraída de nossas terras, de nossa natureza, mas principalmente, e, sobretudo, é uma riqueza produzida à custa do suor e sangue do nosso povo. Quando digo nosso povo me refiro aos povos da América Latina/Caribe e da África. Aqueles bandidos levaram nosso ouro, nossa prata, nossa madeira, nossa biodiversidade, etc. Introduziram capitais aqui e na lógica incorrigível da produção capitalista . Levaram, em forma de mais-valia, produzidas aos montes, nosso suor e nosso trabalho, para construir seus castelos, palácios e um modo de vida baseado no luxo, no esbanjamento, na destruição da natureza e na alienação cultural. É bem verdade que essa rapinagem ocorreu com a participação direta e ativa das classes dominantes locais. Lacaios dessa ordem de exploração sobre as massas trabalhadoras desses países.
Na atual fase do imperialismo, quando as mercadorias de um punhado de grandes empresas, num número menor que 500, inundam o Planeta; quando o capital financeiro dá voltas no mundo atuando como um grande aspirador, sugando violentamente as riquezas de povos e nações; os ricos e poderosos do mundo erguem barreiras para impedir a mobilidade da mão-de-obra. Constroem muros mais altos e mais vigiados do que o Muro de Berlim. Criam leis fascistas para humilhar os pobres do mundo e empurrá-los aos recantos da barbárie. Fascistas.
Disse Jean Salem em entrevista recente, que os europeus jovens da atualidade acreditam piamente que a 2ª Guerra se deu entre EUA e aliados (França e Inglaterra) contra a URSS e os Nazi-fascistas (Alemanha e Itália). É incrível, mas posso dar um testemunho pessoal dessa alienação quase generalizada dos jovens europeus, a partir de um alemão que apareceu por aqui fazendo pesquisas sobre semi-árido. Quando falávamos de História, sua versão me surpreendia. Ele achava que o principal aliado de Hitler na 2ª Guerra havia sido Stálin. Que os dois haviam se unido contra os EUA que, por sua vez, salvara a Alemanha dele do jugo nazista e stalinista. Para ele a Revolução Russa havia sido liderada por Lênin e Stálin, sendo o 1º e o 2º, idênticos política e ideologicamente; e Gorbatchev havia derrubado Stálin. Nunca tinha ouvido em NEP, Relatório Krutchev, etc. Vejam a confusão. Um jovem fazendo doutorado. No conhecimento dele os 70 anos de Revolução Russa haviam sido de stalinismo. Nunca tinha ouvido falar de qualquer conquista social da Rússia Soviética. Quando estudou sobre o totalitarismo na universidade aprendeu que o Nazismo e o Socialismo eram a mesma coisa, tinham sido a mesma experiência em tirania e cometido os mesmos absurdos e crueldades contra as suas populações. Falava em 25 milhões de mortos em campos de concentração soviéticos. Mais 60 milhões de encarcerados na Sibéria. Coisa de doido. Nas minhas contas a União Soviética dele tinha uma população superior a da China. Infelizmente estudado e tido como verdades na Velha Europa e, segundo um colega de almoço meu, em vários cursos médios e superiores no Brasil.
Nos EUA é pior. Bem pior. Hobsbauwm, logo no início do seu Era dos Extremos fala de jovens na Europa e nos EUA que não distinguem a diferença temporal entre a Pré-história e Guerra do Vietnã. Concluo que para estes a barbárie de antigamente é a mesma de agora??!!
Tudo isso, penso, é contra os trabalhadores. A idéia de evidenciar os erros, as falhas, os absurdos que se cometeu em experiências socialistas e olvidar, negar as conquistas, tem um objetivo claro. Mostrar que a única saída para o Planeta é a ordem “democrática” burguesa. Que os ideais socialistas são utopias muito bonitas, mas que, na prática, se converteram em sistemas tirânicos contra os povos. Esse raciocínio pobre e maniqueísta chega ao ponto de culpar Stálin e a experiência soviética dos desmandos do capitalismo hoje. Já ouvi de vários intelectuais que “o avanço neoliberal de hoje é culpa dos erros da União Soviética de ontem”.
Essas idéias invertidas da realidade só pode ser fruto de subjetivismos idealistas. Longe de uma análise sob a perspectiva materialista histórica. Daí que esse pensamento que chamo de subjetivista-reacionário faz coro contra Hugo Chávez e sua Revolução Bolivariana, contra Evo Morales e sua retomada das riquezas nacionais na Bolívia e da luta por oferecer um mínimo de dignidade aos trabalhadores e aos indígenas bolivianos. É contra tudo que acontece de novo e revolucionário no mundo. Claro que essas medidas da União Européia é a resposta encontrada pela direita reacionária a um dos grandes dilemas da atualidade, que o Socialismo do século XXI vislumbra sua saída noutra perspectiva. Enquanto a Velha Europa apresenta uma alternativa baseada na exploração humana, na violência, inspirada no neoxenofobismo de base fascista, o Socialismo do Século XXI liderado por Chávez, Morales, Correia e outros daqui, de Nuestra América, propõe como saída para os problemas desse século o inverso. Propõem uma economia planificada, distributiva, inclusiva, baseada na socialização das riquezas. Numa agricultura voltada para a produção de alimentos, para erradicar a fome do Planeta, sob um sistema cooperativado e solidário, capaz de dignificar essa atividade historicamente tão marginalizada; numa indústria que produza bens que supram as necessidades humanas, vendo-as como um processo em permanente desenvolvimento e infinito, mas que não se baseie na super-exploração (usando o termo de Mandel) do trabalho, no consumismo e na exclusão social. Uma sociedade onde se promova a educação para todos, em todos os níveis. Que se eleve o nível cultural na perspectiva da solidariedade humana, da vida em comunidade, mesmo que esta comunidade seja uma nação ou o Planeta. Da igualdade de direitos. Do respeito à diversidade cultural, étnica, ideológica. Ou seja, o socialismo do século XXI é o novo, que propõe uma nova moral, sob o signo da solidariedade, da paz, da igualdade, da justiça social.
As “diretivas” da UE é a confirmação da vitória do pensamento retrógrado, conservador na Europa. É a evidência do que se tornaram os partidos socialistas de Espanha e Portugal; meros apologistas da direita alemã e francesa. Perderam a compostura. Venderam sua alma e sua história por alguns tostões, prostituindo-se juntos com um mar de covardes e exploradores do trabalho escravo de nossa triste época.
Esses facínoras haverão de ser derrotados pelo seu povo. Uma nova era de dignidade da humanidade haverá de se abrir contra essas aves de rapina. Os povos pobres do mundo haverão de reagir. Nós continuamos tendo as riquezas naturais do Planeta. Hoje, mais do que nunca, matéria prima de tudo que venha a se construir na Terra. Na minha modesta opinião, eles precisam mais da gente do que a gente deles. Precisamos nos voltar para nossa realidade. Sem xenofobismo. Sem negar o que eles podem contribuir para o nosso desenvolvimento. Mas com autonomia e firmeza. Baseado na justiça. Façamos o dever de casa. Destronemos do poder os lacaios exploradores de nosso povo, sócios-menores desses gangsteres internacionais. Mais do que nunca o octagenário Che precisa ser lembrado. Onde houver um injustiçado que nos aticem a indignação e a disposição de lutar contra a exploração. Mais do que nunca, a palavra de ordem de Marx precisa ser bradada: “Proletários de todo o mundo uni-vos”.

Professor José Jonas Duarte da Costa - UFPB
Gentilmente cedido por Valdecir Bordignon-MST-PR.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

MÃE...


Mãe...
Não me deixe só
Não me deixe aqui tão só
Está escuro e faz frio...

Mãe...
Eu perdi meu tempo
Tentando encontrar o caminho
E voltar...

Mãe...
Venha me buscar
Eu tenho que parar
Esse pesadelo ainda vai me levar...

Eu posso abrir os olhos
Mas não consigo enxergar
Posso mover os lábios
Mas é impossível falar

Mãe...
Tudo é muito estranho
Quando olho o horizonte
Sinto o meu corpo levitar...

Mãe...
Devo estar tão longe
Devo estar indo agora
Pra nunca mais te encontrar...


Alnary Rocha (modificado da Letra MAMA - VLAD V)
16/06/2008

sábado, 14 de junho de 2008

DRª LU - pretenso poema


Ei menina bonita!
O que você quer?
O que você deseja?

Queres o mar...
Saibas que é impossível domar
Só se pode um pouco levar

Queres o sol...
Saibas que é impossível levar
Só se pode um pouco queimar

Queres o mundo...
Saibas que impossível comprar
Só se pode um pouco experimentar

Porém, se queres a vida...
Tudo podes e tudo deves
Basta sonhar

Você é poderosa como o mar...
Brilhante como o sol...
Tem o mundo dentro de si...

Acima de tudo tens a vida...
Tens cheiro de passarinho quando canta
De sol quando acorda
De flor quando ri

Tens a força da mulher
Alma de menina
E uma beleza sem par...

Por isso escrevi esses versinhos...
Pra dizer que você é linda
Por dentro e por fora


Alnary Rocha
07/06/2008

sábado, 7 de junho de 2008

LÁGRIMAS E CHUVA


Tem certas musicas que se ouve, dança e curte, pois, a musica é pra isso mesmo! E então, repentinamente, os autores resolvem mostrá-las de forma acústica, onde o som das guitarras e do peso da bateria, ou até mesmo o balanço ficam menos intensos e a letra se sobressai. Pode ser que nem todo mundo tenha essa percepção, ou até mesmo que tenha ao ouvir a musica pela primeira vez, as percepções são subjetivas, e pra mim foi assim, nunca dei muita bola pras letras do Kid Abelha, gostava de ver e ouvir a Paula Toller (da qual ganhei um lenço num show - ela aos 40 ta um tesão!)ou mesmo pra curtir acompanhado e isso bastava. Escutei no carro o CD acústico e essa letra me pareceu diferente, depois de quase 20 anos ouvindo esporádicamente. É de uma poesia que se identifica com a solidão da pós-modernidade, com os medos de nossa complexidade e com as emoções dos que viveram os anos 80 com 20 anos de idade e hoje no século XXI para além dos 40 sente isso intensamente, ela fala diretamente a quem já amou, foi amado, sofreu por amor desesperadamente, viveu momentos intensos..."mil e uma noites de suspense no meu quarto..."
Um presente!


Eu perco o sono e choro
Sei que quase desespero mas não sei porque
A noite é muito longa
Eu sou capaz de certas coisas que eu não quis fazer

Será que alguma coisa nisso tudo faz sentido
A vida é sempre um risco eu tenho medo do perigo

Lágrimas e chuva molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê
O mundo é muito injusto
Eu estou contando os meus problemas
Que eu quero esquecer

Será que existe alguém ou algum motivo importante
Que justifique a vida ou pelo menos esse instante

Eu vou contando as horas
E fico ouvindo passos
Quem sabe o fim da história
De mil e uma noites de suspense no meu quarto

Paula Toller e Kid Abelha

terça-feira, 20 de maio de 2008

SONETO 96 - W. SHEAKESPEARE


De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça. Amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera
Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
È astro que norteia a vela errante
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfanje não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma, para a eternidade.
Se isto é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

_______________________________________

Lido nessa manhã de outono trazendo luz pra minha deprê!
Obrigado Valéria!

Alnary Rocha
20/05/2008

domingo, 4 de maio de 2008

CERTEZA - Marcos 'BLACK' Fontinelli


Esse poema foi escrito por um bom amigo, Black
E publico aqui com muita honra, esperando o seu
próximo livro.

Abraços Black!

CERTEZA

quando das trevas
que cobrem esta nação
brotarem as flores
resultantes de metamorfoses
de pranto e sangue
de solidão e desespero
os trovões hão de ecoar
os raios hão de reluzir
e as flores hão de crescer
como mutantes e transformadoras
fazendo com que tudo se torne
um imenso jardim

Marcos 'BLACK' Fotinelli
1983

quinta-feira, 17 de abril de 2008

RESISTIR PARA SOBREVIVER


Hoje se completa 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás – PA.
Também hoje se completa 17 dias do assassinato de Eli Dallemole, coordenador do Assentamento Libertação Camponesa em Ortigeuira-Pr.

Todas as manifestações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nessa semana é para não deixar as pessoas esquecerem das ameaças, dos incêndios criminosos que deixaram centenas de pessoas, homens, mulheres e crianças sem nada, e assassinatos cometidos contra esses trabalhadores. Crimes cometidos por milícias armadas, montadas e coordenadas por latifundiários, caudilhos tardios, “coronéis” fora de época. E mais, para que nosso Governo tenha a coragem de fazer realmente a Reforma Agrária.

Os que se agarram no paradigma da propriedade privada nunca vão entender o direito natural do ser humano ao acesso a terra, simplesmente porque não vêem diferença entre o proprietário que produz na sua terra e o que especula com ela, entre o que dá empregos no campo (poucos) e o que explora o camponês. Entre o honesto e o traficante. Todos são proprietários, mas é preciso mostrar as diferenças.

O MST é o Movimento Social de maior destaque na América Latina e um dos mais importantes do Planeta, e sua luta transcende o acesso a terra, sua luta é por direito à vida, por direito ao trabalho honesto, à educação, à saúde, à plena cidadania.

É preciso que as pessoas procurem entender a luta do MST, é preciso filtrar as informações que recebem da mídia, uma mídia parcial, controlada pelos interesses dos poderosos, latifundiários, multinacionais do agronegócio e seus comparsas do mercado capitalista. E é claro que nunca vão mostrar as famílias do MST como famílias, igual a minha, igual a sua, só que estas estão nas condições mais adversas, e estariam pior ainda na cidade, nas periferias, nas favelas, não, não mostrarão, por que simplesmente a mídia “demoniza” o MST, e “endeusa” a propriedade privada e seus patrocinadores.

Os grandes latifundiários, as grandes multinacionais do agronegócio e dos transgênicos, seguram-se nas Leis quando lhes convêm, e as transgridem também quando lhes convêm, porém, quando um Movimento Social legítimo, como o MST, transgride também, não recebe o mesmo tratamento, nem da Lei, nem da mídia, é sempre o “bandido” da história.

O Brasil precisa da Reforma Agrária, precisa ser um País que produza alimentos, precisa assentar imediatamente as 150 mil famílias acampadas, precisa urgentemente fazer valer as políticas públicas de crédito e desburocratizar o acesso ao Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). Precisa punir exemplarmente os assassinos de trabalhadores rurais, mortos por defenderem uma causa mais do que justa, os seus direitos inalienáveis às suas vidas e das suas famílias e ao acesso a terra.

A luta continua, o MST resistirá, hoje e sempre, e sempre sobreviverá.

Alnary Rocha
17/04/2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

CAIXA DE ABELHA - pretenso poema


Enquanto você
Está seguro em casa
Vendo TV

Calando seu cérebro
Tapando seus ouvidos
A noite o mundo gira
Sem mostrar os seus ruídos

Ruído que é calado pela informação
Que desinformado deixa o cidadão
Pensa que está tudo bem
Pela vida que tem

Quem não tem escolha
É que sente

Grosso calibre
Treze no pente
“Azeitona” na mente
Não vai ser diferente
Não vai ser não

Enquanto você
Está seguro em casa
Vendo televisão!

Alnary Rocha
16/04/2008
(MBG)

domingo, 6 de abril de 2008

A LISTA - Osvaldo Montenegro



Faço uma lista de grandes amigos
Quem você mais via a dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?

Faço uma lista de sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados para sempre
Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece?
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos você guardava
Hoje são bobos, ninguém quer saber

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve de cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Era o melhor que havia em você

Quantas canções que você não cantava
Hoje, assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje, acredita que amam você

Osvaldo Montenegro

sábado, 5 de abril de 2008

PALAVRAS - Ivo Rodrigues Jr. e Paulo Leminski


Palavras
Minhas palavras
Chamas nos seus ouvidos

Poemas
Minhas palavras
Minhas palavras, são tuas, tão nossas

Sou eu, sou, você sabe
Eu sou seu problema, uma frase
um poema, um bom dia que você escutou

A meia-noite, uma palavra, meu nome
Chamas nos seus ouvidos

Meu nome a meia-noite
Chamas meu nome

Metade de mim te procura
Metade te acha

LOBA DA ESTEPE - Helio Pimentel e Ivo Rodrigues Jr.


MUSICA DA BANDA BLINDAGEM


Meu sangue vermelho
Não reflete no espelho
Brilho da estrela
Olhos cegos
Não posso vê-la

Meu sangue vermelho
Corre no cristal
Noite clara de lua
Loba da estepe
Te espero
Minha alma é sua

Eu te mandava pra longe da terra
Pra não te ver mais
Pra você eu inventava uma guerra
Mas não sou capaz

Loba da estepe
Te espero
Minha alma é sua

A MILONGA PERDIDA - Péricles de Holleben Mello


Cidade triste
Tecer contigo a relação cotidiana
Até o alto da Catedral
Desde o baixo das Uvaranas

Rondar contigo pelas tardes lentas
Afugentar a dor que me sustenta
E pelas lágrimas de um antigo amor
Buscar tuas veredas

Desta varanda de onde te vejo adormecida
Voltar sozinho do meu cansaço e medo

Mais uma vez tuas ruas
Teus olhares secretos
Cantos que só eu sei.

Te caminho pelo dorso iluminado
Te suplico que venhas ao meu encontro
Com teus meandros de fel
Com tuas manhãs de sábado
Teus barulhos, teus baldios

Se te persigo cidade
É sombra de velha sina
Talvez tua água ou teu vento
Teus telhados nas colinas
Os engasgados silêncios

Quando te cruzo cidade
Alguma coisa por dentro
Anseia uma outra cidade
E se insurge contra o tempo

Cidade triste
Há lamentos nos bares
Nenhum murmúrio nas praças
Operários sem rumo
Sucumbem ao pó das fábricas
E penduram seus sonhos.
Nas vila abandonadas
Dias de tédio que passam.

De noite em Uvaranas
Quando a lua se inclina
Brotam amores curtos
Na rude solidão
Dos quartos proletários.
Que restará de manhã?

Cidade triste
Procuro em tuas ladeiras
A milonga perdida
Sinto os meus passos.
Teu pulsar se alastra em minhas entranhas
A cidade que respiro é a última.

quarta-feira, 5 de março de 2008

PESQUISA PELA VIDA - autoria própria


Nos anos 1980, um livro muito bom, com uma linguagem descolada e jovem, extremamente moderna pra época, foi indicado como leitura para os vestibulares de 1984, 1985, 1986 e 1987, fez enorme sucesso nesse País de mínimos leitores, esse livro é o grande Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva, que conta o seu drama pessoal, quando aos 18 anos de idade após um mergulho num lago muito raso, bateu a cabeça numa pedra do fundo e fraturou uma vértebra logo abaixo do pescoço que o deixou tetraplégico. Numa mistura de herói teen com anti-herói clássico, ele conta com maestria suas relações com amigos, namoradas, faculdade e luta política em flash back, mostra seu lado humano, suas fraquezas, suas vontades, seus sonhos e planos, suas saudades do pai “sumido” pela ditadura militar brasileira, seu gosto musical, entre outros elementos, que o fez ter uma imediata identificação com os jovens da época, eu inclusive. Mas sobretudo, a sua infinita agonia e tristeza por ter seus sonhos interrompidos, ver o futuro planejado evaporar na sua frente, a raiva para com Deus e “...seus representantes aqui na terra...” (sic), e muito claramente o seu desconsolo pela ciência médica não ter ainda um remédio para o seu problema, que ele brilhantemente mostra ser um problema de milhares de pessoas, pessoas que ele só percebeu a existência por ter agora os mesmos problemas, a deficiência física, ou, politicamente correto, “portadores de necessidades especiais”.
Hoje, 05 de Março, o Supremo Tribunal Federal decidirá pela constitucionalidade ou não das pesquisas com células-tronco. Um tema polêmico. Polêmico por que?
Nesse país de milhões de iletrados na mesma proporção de milhões de fanáticos religiosos (fanáticos quando convém, diga-se de passagem), a igreja católica principalmente e suas bancadas (cambadas?) de políticos, entre outros, criaram essa polêmica, recheada de falta de informação, conveniente para o “rebanho” ou informação parcial, que forma uma opinião confusa, sem base para discussão. Não, dessa vez não vou “meter o pau” na Globo, que até onde eu vi foi o mais isenta possível, dentro de sua ótica, claro!
O problema é que a explicação científica, que é realmente importante, não chega ao ouvido povo, que com toda a propaganda medieval da igreja, já teria extrema dificuldade de entender, mas que com a gritaria insana de tanto político que agarra uma bandeira apenas por morar no “maior país católico do mundo” e pretende com isso garantir eleitores, não ouve mesmo, não houve informações importantíssimas, como a de que as pesquisas serão feitas com embriões inviáveis, ou seja, embriões que mesmo transplantados para um óvulo não gerarão uma criança, e mais do que isso, que essas pesquisas são a esperança de milhões de brasileiros portadores de necessidades especiais, dos que sofrem de outros males como as doenças degenerativas do cérebro, diabetes, câncer, entre tantas outras.
O Brasil tem uma legislação muito boa, permite as pesquisas, mas não permite a clonagem terapêutica, na minha opinião, uma lei equilibrada, não fere a ética, não “brinca” de Deus e coloca o País na vanguarda mundial da ciência médica.
É preciso que se mantenha a constitucionalidade dessas pesquisas. É preciso que os governos, esse e os próximos, se preocupem com o nível de informação que nosso povo recebe e através de quem recebe. Sim! Eu sei! Liberdade de expressão! Sim, sim, sim! Numa democracia devemos deixar os imbecis gritarem, está bem! Mas temos de fazer com que nosso povo entenda que a ciência não é inimiga de Deus, até por que Deus não é propriedade de nenhuma igreja, e se ele deu inteligência para o homem e a mulher salvarem seus semelhantes através de descobertas e pesquisas científicas, isso é sua vontade e sua manifestação.
O que a igreja faz pelas pessoas que sofrem dos males que essa pesquisa pode beneficiar? O que a igreja faz para amenizar a fome das crianças que nascem aos milhares devido a proibição da camisinha e de outros métodos anticoncepcionais? Com o que a igreja contribui, de verdade?
Vão falar das caridades, das entidades, sim, sim, eles têm algumas sim, ajudam algumas pessoas sim, não nego, mas estou falando de um bem permanente, alguma coisa que a igreja pode fazer com os bilhões do Banco do Vaticano, ou os outros bilhões das igrejas evangélicas, arrecadados pela fé das pessoas, das mesmas pessoas que deixam sofrer e morrer pela ignorância religiosa pregada, que apenas favorece seus príncipes e chefes.
Eu iniciei contando sobre um livro da década de 1980, para poder falar que a ciência precisa estar amparada na Lei, para que possamos salvar vidas e quem sabe regenerar milhares de brasileiros e brasileiras que como o Marcelo Rubens Paiva tiveram seus sonhos interrompidos, bem como todos os que sofrem de doenças que precisam desesperadamente de esperança. Se a igreja se autopromove como a dona da esperança de seus fieis, que então não seja quem tire a esperança de outros fieis, fieis na vida, em Deus e na Ciência.

Alnary Rocha
05/03/2008

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

FIDEL - autoria própria







O afastamento do Líder Cubano Fidel Castro do governo de seu País, marca o fim de uma era e do comando de um dos maiores lideres revolucionários da história contemporânea.
A Revista Veja, como era de se esperar, reacionária como é, põe em manchete de capa “Já vai tarde”, esse tipo de manchete sensacionalista é ridícula, é imbecil, demonstra o quanto esse veículo de comunicação é tendencioso, manipulador e conservador!
Essa demonstração idiota da Revista Veja é tão imbecil quanto possíveis atitudes de desespero dos partidários do regime cubano.
Não é o caso nem de uma e nem da outra atitude. É necessário ter em mente que Fidel Castro envelheceu, ficou doente e precisou se afastar do comando do governo e que desde 1985 o seu sucessor já havia sido declarado, é seu irmão Raúl Castro e há quase dois anos essa transição vem sendo preparada, de forma inteligente e o menos impactante possível, não apenas para manutenção do regime, como também para manter a força diante do poderoso inimigo americano.
Os fãs dos Estados Unidos, que arrotam a palavra “liberdade”, usando-a inadequadamente, assim como a palavra “democracia”, e que deveriam usar no lugar dessas, a palavra “capitalismo”, como essa porcaria da VEJA, deveriam lembrar a história de Fidel Castro, lembrar o que era Cuba antes da revolução e o que é Cuba hoje.
Cuba de Fulgencio Batista, que era um ditador de direita, fantoche dos Estados Unidos, fazia de Cuba o quintal do país do norte.
De 1902, quando os norte-americanos tiraram os espanhóis da ilha e desceram goela abaixo dos cubanos a odiosa Emenda Platt, que deu direitos perpétuos aos EUA de manter bases militares em Cuba, assim como de intervirem nos seus assuntos sempre que considerasse necessário, a 1934, os yankees, deitaram e rolaram na ilha, e como o interesse era apenas estratégico, devido à entrada para o Canal do Panamá, patrocinavam um governo fantoche atrás do outro, mesmo depois da Emenda Platt, isso fazia do povo cubano pessoas miseráveis, famintos, esfarrapados, explorados da maneira mais espúria.
Até que Fidel Castro e mais 81 homens, na madrugada de 25 de novembro de 1956, a bordo de um velho iate de 17 metros, o Granma, saídos de Tuxpan no México em direção a Província do Oriente, onde invadiram Cuba e fizeram a revolução. Sem entrar nos detalhes das dificuldades dessa viagem, tempestades, um quase naufrágio, poucas armas e o desanimo natural dos companheiros, Fidel ao pisar na ilha disse: “Agora, os dias da tirania estão contados”. E com o apoio de seu povo, menos de dois anos depois ele entrava triunfante em Havana, como líder de uma revolução, realmente popular e vitoriosa.
É claro que o regime socialista não é perfeito, tem suas falhas, mas o povo cubano nunca mais passou fome, tem educação de extrema qualidade, inclusive com cursos de pós-graduação ofertados e procurados por estudantes do mundo todo, medicina de ponta e saúde pública de qualidade, não há analfabetos em Cuba, não há sem-tetos em Cuba, existe pobreza, mas não existe miséria, os que fogem vão em busca do brilho da ilusão do capitalismo que disfarçado de liberdade enganam os cubanos que morrem no mar e os que sobrevivem, em sub-empregos e as cubanas que viram prostitutas em Miami. E também, se o embargo econômico desumano imposto pelos Estados Unidos não existisse, as condições econômicas e sociais em Cuba seriam bem melhores, e se, com esse embargo, Fidel conseguiu manter sua ilha, imaginem sem.
Por isso e por ser um farol para América Latina, devemos reverenciar o grande líder Fidel Castro, exatamente ao contrário do que a porcaria da VEJA diz. Felizes dos heróis que morrem jovens, na luta, com um tiro no peito, ou como mártires de uma causa, como Che, seu fiel companheiro!
Que pena Fidel, que pena que os heróis que envelhecem e adoecem, não tenham a mesma deferência!
Hasta la victoria siempre!


Alnary Rocha
27/02/2008

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PAI E FILHO - diálogo em poemas de 1985




Existem coisas que se não fossem os registros, nem que sejam os mais precários, se perderiam no tempo e não poderiamos recuperar, muitas coisas não se recuperam, como a palavra venenosa que se diz de cabeça quente, a briga com a família por razões tolas, etc...


Os poemas abaixo, foram escritos por mim e por meu pai, em 1985, por essa época eu tinha 18 anos de idade, namorava minha ex-esposa, da qual 10 anos depois estava separado. Meu pai queria que eu estudasse e fosse mais devagar com a relação, mas naquela época, aquela relação era só o que importava, então, ele foi radical, me mandou pra Curitiba e proibiu o namoro, é óbvio que eu não o obedeci e muitas vezes brigamos, até que um dia houve uma briga muito feia, coisas ofensivas e desrespeitosas foram ditas, que eu mais tarde me arrependi, e a forma que encontrei para falar aos meus pais, principalmente ao meu pai, sobre isso, foi escrevendo o que irão ler abaixo.
Eu tinha 18 anos!
Então, de alguma forma meu pai descobriu o escrito que era uma pretensa canção, rock, é claro! E escreveu um lindo e amoroso poema em resposta, então eu me emocionei e fiz a tréplica.
Reminiscências, como diz meu querido Tio Horácio, mas nostalgia não faz mal a ninguém e também, é bom lembrar meu pai, alías, não se passa um dia sem que eu o lembre e o cite.

E aqui eu registro, eu e meu pai, dialogando em poemas!


Haaa...em tempo, se não fosse minha irmã Isabella, encontrar os papeis no qual eu e meu pai haviamos devidamente datilogafado, e tivesse scanneado, muito provavelmente essas "pérolas" haveriam se perdido.


Escrevi...


PERDIDO DENTRO DE MIM

Quando olho no espelho
Começo a pensar na minha vida
Vejo a cara de garoto que tenho
E tento curar aquela ferida

Penso em tudo que tenho
Dinheiro, carro e vida folgada
Mas a paz, a paz ainda não veio
E eu tenho tudo, e não tenho nada

Porque me castigam tanto
Se eu sei que não sou ruim assim
Pra eles, isso eu canto
Eu sei bem o que quero pra mim

É gozada mesmo a minha vida
Começo a rir da minha cara
Vou dar nisso uma invertida
Vou tomar a minha gata proibida

As pessoas que tanto me rodeiam
Falam tanto de suas experiências
Que me fazem entrar num ruim devaneio
Enquanto me cobram fazendo tantas exigências

Quando irei me sentir útil
Fazendo algo que me realizará
Quando sairei dessa vida fútil
Que por fim me apodrecerá

Alnary Filho
18/09/1985


Meu pai escreveu...


QUARTETOS DO CORAÇÃO
Em resposta ao seu: PERDIDO DENTRO DE MIM


Como li sem permissão o seu rimado
Creio também, dever dar meu recado
Talvez, nem tão lindo e bem feito
Porém, com muito amor e respeito

Olha filho, não desejo mais magoá-lo,
Essa será a última vez que lhe falo:
“as coisas do coração, do amor e da paixão,
muitas vezes, castigam-nos sem dó, nem perdão.”!

Diz parte de um velho ditado que permanece:
“existe razão que a própria razão desconhece”,
O desconhecido, só o futuro revelará,
Quando erramos ou acertamos, que será?

Porém, de tudo esteja certo filho meu,
A certeza que sempre estarei ao lado seu,
Na matéria fria, ou em meu espírito
Junto estarei, aqui ou até do infinito!


De um pai desesperado
Que sempre o amou!

Ponta Grossa, 18 de Setembro de 1985

Alnary Nunes Rocha


Eu repliquei...


REDIMIDO

Só depois que tudo passou
Eu posso ver o meu passado
Um rolo que ninguém nunca imaginou
Mas que me deixou muito magoado

Eu sei que só eu tenho culpa
Mas eu não tinha cabeça
É, eu tenho que ir a luta
Antes que minha memória desapareça

Não queria que tivesse de ser assim
Mas a verdade tenho de assumir
Realmente não sei o que vai ser de mim
Não sei como, mas vou me redimir

Não que eu deva algo pra alguém
Mas a vida é uma armadilha
É impossível viver sem ninguém
É que eu tenho uma família

E ser legal não custa nada
Como eu devo algo pra mim
Agora é hora da virada
Vou conseguir viver assim

Alnary Rocha
18/09/1985

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

MAIS OU MENOS - escrito próprio - versão 2008




Aos trinta e nove, quando escrevi isto, pensava nos quarenta, e hoje com 41, continuo pensando mais ou menos a mesma coisa.
Mais do que isso, penso na minha vida inteira até aqui e por conseqüência no que me espera nessa terceira e provável última parte dela.
A princípio penso que apenas tenho que agradecer. Agradecer pelos pais que tive, pelo amor que me deram, pelos confortos materiais, pela educação, pelos princípios e valores familiares.
Não nasci em berço de ouro, pelo contrário, era 1967 e meu pai sofria perseguição política advinda do golpe militar de 1964, e meu berço de vime que fora de minha mãe estava sempre numa Kombi, na qual viajávamos os três, para meu pai fazer fotografias e vender reportagens para um jornal, emprego que ele conseguira com seu primo, visto que ninguém dava emprego pra ele pelas pressões dos milicos da época.
Devo agradecer pelos meus filhos, que Deus me deu com saúde, inteligência e mesmo com a minha distância, tive a sorte de serem pessoas maravilhosas, com valores morais, familiares e religiosos.
Minha irmã querida, meus avós e tios, uma família grande, parte dela não tenho convivência, mas com os que eu tenho, agradeço pelo amor e conselhos, nem sempre aceitos, porém, ouvidos. Enfim, sou grato a toda essa base amorosa e sólida, sem a qual não estaria aqui hoje a escrever isso. E por que escrever? Não sei, sinto essa necessidade de expressão, eu não tenho quase ninguém com quem falar e isso me sufoca, não sei também se são pelos fatos que estão acontecendo no momento em minha vida (de novo), se foi a visita dos meus filhos(agosto/setembro-2006), se é o grande amor que sinto, do qual desejo um eco mais forte, não sei, mas estou escrevendo e publicando isso.
A visita dos meus filhos me fizeram refletir sobre a minha vida, acho que era o que estava faltando pra eu dar vazão a essa reflexão, por que sinto que falhei muito com eles e na vida, não consigo deixar de me sentir culpado e ter a consciência de que as conseqüências que não são boas pra mim hoje, são frutos dos meus próprios erros.
Estou me sentindo uma pessoa “mais-ou-menos”, tipo, mais ou menos amada, mais ou menos querida, mais ou menos trabalhando em coisas mais ou menos legais. To cansado do mais ou menos, e pior, as vezes me acostumo com o mais ou menos e sei que não devia, mas as vezes falta forças.
Tenho medo do futuro, que antes não parecia ser mais ou menos, parecia não menos que formidável, hoje não sei se será mais ou menos suportável.
O fato de meus filhos morarem em outro país, na Europa, me força a pensar que eu tenho que conseguir trabalhar em algo que me de a oportunidade de economizar para visitá-los pelo menos uma vez por ano ou de dois em dois anos. Essa realidade está mais ou menos perto ou longe, por que emprego fixo não tenho.
Então, hoje ao me despedir do Emmanuel e da Ramayana, senti uma enorme vontade de não ser mais ou menos, de ser como todo pai, de ser como todo homem que tem seu trabalho, seu amor, sua vida em suas mãos, trilhando, com dificuldades ou não, o seu caminho em direção aos seus objetivos, que tem perspectivas, incentivado pela própria vida que constrói.
Mas mesmo sem saber o que será da minha vida, do grande amor que sinto pelos meus filhos, do meu futuro profissional, estou feliz. Agradecido a Deus completamente.
Porém, mais ou menos...feliz

Alnary Filho
10/09/2006 – versão 2008

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

LEMBRAR VOCÊ! - pretenso poema




ME FAZ BEM LEMBRAR DE VOCÊ
TER VOCÊ NO CORAÇÃO ME ADOÇA A ALMA
O SEU JEITO DE SORRIR
O SEU JEITO DE ANDAR
O SEU JEITO DE PENSAR
O SEU JEITO DE FAZER AMOR

ME FAZ BEM LEMBRAR DE VOCÊ
TER VOCÊ NA MINHA CABEÇA ME ADOÇA A VIDA
O SEU JEITO DE FALAR
O SEU JEITO DE ESCREVER
O SEU JEITO DE OLHAR
O SEU JEITO DE FAZER AMOR

ME FAZ BEM LEMBRAR DE VOCÊ
TER VOCÊ NA MINHA ALMA ADOÇA O CORAÇÃO
O SEU JEITO DE BEIJAR
O SEU JEITO DE PEGAR
O SEU JEITO DE COMER
O SEU JEITO DE FAZER AMOR

LEMBRAR VOCÊ TRAZ SAUDADE SIM E MUITA,
MAS TAMBÉM ME ALEGRA E ADOÇA, A ALMA A VIDA E O CORAÇÃO!


Alnary Filho
Agosto de 2006

ARMADILHA DO PENSAMENTO - pretenso poema


Sempre que penso em você...
Sei que viver vale a pena
O sol é mais brilhante, o calor é você

Sempre que penso em você...
Sei que amar vale a pena
A lua é mais bela, a beleza é você

Sempre que penso em você...
Sei que a felicidade vale a pena
Os passarinhos cantam mais, o canto é você

Sempre que penso em você...
Sei que lutar pra viver vale a pena
A vida é mais alegre, a alegria é você

Sempre que penso em você...
O sol sempre brilha
A lua é sempre cheia
O canto dos passarinhos é sempre lindo
A vida é sempre alegre

Eu penso em você sempre!


Alnary Filho
Setembro de 2006.

MINHA VIDA NO ESPELHO - pretenso poema


Então...

Mais uma semana passou...
Estou vivo, olhando nesse espelho.
Ouvindo o barulho da vida acelerada lá fora...
Minha barba por fazer, um ar de tristeza
Me pergunto, por que?

Estou aqui, tudo a fazer...nada a fazer
Quero tudo...mas, vontade de nada
Fugindo o tempo todo dos pensamentos...
Das memórias...das saudades...
O telefone toca...

Era engano...engano de quem? Meu?
Sim, meus enganos coincidindo com outro engano.
Este mais banal, os meus...não!
Fatais, os meus são fatais...
Factuais como a vida, vida procurando um sentido...

Volto pro espelho...faço uma careta
Todo mundo faz careta na frente do espelho...
Rio da minha careta e pronto...
Consegui fugir novamente, esqueço o passado...
Olho pra frente...

Decido: Vou fazer a barba!!!

Amanhã..tudo de novo.

Alnary Rocha
10/11/2006

VIDASONHO - pretenso poema


Mesmo que o teu encanto por mim
Esteja ofuscado
O meu encanto por você
Sempre é grande e renovado

Mesmo que no passado
Algo se perca
Não esqueça que no presente
Pode ser encontrado

Mesmo que em seu peito
Algo se quebre
Não se esqueça que com amor
Tudo pode ser concertado

Mesmo vivendo a realidade as vezes cruel
Não existe vida sem os sonhos
Não se esqueça que mesmo acordada
Tudo pode ser sonhado

Não escrevo por que estou triste
Mas pra lembrar que a vida real existe
Ela é tão viva quanto as palavras
Tão real quanto o amor que em mim resiste


Alnary Filho
16/10/2006

ESGUALEPANDO - autoria própria



Esgualepar-se ... quem não se esgualepou já?
Ontem me esgualepei...
Começa assim:
Duas garrafas de vinho branco frisante e gelado
No balde com muito gelo...civilizadamente em taças de cristal
Uns filezinhos assando educadamente na assadeira elétrica
Mesa arrumada
Carne servida com os acompanhamentos...
Até aí nada de esgualepação....
A esgualepação começa quando o vinho acaba
e a preguiça de sair comprar mais uma garrafa começa
Alternativas...
Há... tem a cerveja geladinha de domingo que ta lá esperando...então...
Dá-lhe cerva....mistura boa....cabeça começando a esgualepar
Som é claro...musica anos setenta e oitenta...
Mais cerva...começamos a dançar a lá John Travolta....esgualepação já
A cerva não é suficiente, já são duas da manhã...alguém lembra da Askov na geladeira...
Olha pro lado...mexiricas e abacaxi... um esgualepado acha ótima idéia
Taças gigantes com mexirica e abacaxi, gelo e muita Askov...
Nessa altura a esgualepação ta no auge...na janela eu grito:
Vizinhossss....sabe Deus porque!
Começa a filmagem de celular e muitas risadas, aliás as risadas desde as cervas
Já tavam soando
Dá-lhe Askov...mas, alguém acha mais algumas latinhas que tavam no fundo
Da Geladeira... ESGUALEPAÇÃO TOTAL...
Quatro da manhã...cinco da manhã...
Eu e ela...esgualepados caímos desmaiados na cama...
Oito e meia o quarto gira demais...
Aí mina me salva com o Kit anti-esgualepação...
Eparema, Engov, Dramin e Dipirona...não adianta...
O Vinho, a carne, a cerva e a Askov...voltam e vão pro vaso...
A cabeça esgualepada dói que da vontade de morrer
Depois...outra dose do kit anti-esgualepação
Dormi feito um desgraçado até as 11...mas sarei
Limpamos a cozinha e cozinhei pra minha salvadora
Moral da história:
Os esgualepados também amam...e cozinham....
Hehehehehehe

Alnary Rocha
24/09/2007

PSICOPATA - autoria própria


PSICOPATA

- Sangue, sangue...quero sangue! A voz dizia...
A cabeça rodava, assim como a pistola na mão suada...
- Não! Chega! Não vou fazer mais isso...
- Isso o que? De novo a voz...
- Não vou mais usar isso...
A voz: - Quer uma faca então?
- Sangue, eu quero sangue...
- Com a faca corte, com a pistola atire...não interessa
- Sangue...não esqueça!
- Eles não são mais gente...pode acabar com eles...
- São crianças...
- Armadas até os dentes...roubando por aí
- Não...não quero...
- Você vai fazer o que te digo...se não fizer,
o sangue que vou querer é o teu...
- Aquele lá, com a lata de cola...atira nele...
- Não consigo fazer mira...
- Atira porra!
- Legal...
- Peguei no ar...tomou pipoco no ar...
- Isso...sangue...bom garoto!
A voz satisfeita...parou de falar...
Ele então foi pra casa...escondeu a pistola...
Tomou banho e vestiu o terno
Estava na primeira fila do coral da igreja
Tudo bem...
Mas...ele sabe...a voz voltará amanhã...

Alnary Rocha
05/10/2007

Esse é trash, mas por que não?
Combina muito com os dias dessa nossa pós-modernidade enlouquecida e paranóica.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO - INDÚSTRIA CULTURAL - autoria desconhecida


No Brasil, pode-se dizer que a Indústria Cultural nasceu com o Rádio. E o Rádio, como todo mundo sabe, é “pai” da industria do disco. O rádio ganha popularidade em nosso País a partir da década de 30, isto é, a partir do momento em que a sociedade vai se urbanizando, em virtude da industrialização.A primeira emissão radiofônica brasileira ocorreu em 1922. Nos primeiros anos, as emissoras funcionavam de forma amadorística e a programação baseava-se na execução de musica clássica, óperas ou textos “instrutivos”, isto é, programa voltados para a elite. O rádio tinha um caráter erudito. Até 1930, havia apenas 21 emissoras de rádio no Brasil. Foi então que o governo, através de uma Lei, autorizou a propaganda no rádio. A partir daí, com patrocinadores para os programas e “reclames” de todo tipo, o rádio foi-se popularizando, as emissoras aumentaram de número e milhares de ouvintes começaram a ouvir todos os dias o célebre: “ alô, amigos...”. A introdução da propaganda radiofônica transformou o rádio em fenômeno social. As musicas e os artistas ganharam força, a voz dos locutores cativava mais e mais fãs. A Industria Fonográfica, isto é, as gravadoras, ganharam rios de dinheiro. O público comprava mais e mais discos dos astros e estrelas promovidos pelos programas. No fim dos anos 30, Carmem Miranda (“apequena notável”), era a cantora de maior sucesso no Brasil, já reconhecida internacionalmente. Cantava, rebolava de baiana e se transformava em atriz de cinema. Contratada por Hollywood, norte-americanos, exportou seu rebolado, cantando: “yes nós temos bananas”. Era a glória! Voltando ao Brasil, foi recebida como um fenômeno, um mito, uma musa nacional. Na verdade, foi uma mercadoria que deu certo, e ela nem brasileira era, uma portuguesa que a Industria Cultural produziu, difundiu e vendeu.

O rádio popularizou as “nossas coisas”. Ao mesmo tempo, começou a popularizar, entre nós, o american way of life, isto é, o “estilo de vida americano”. Da década de 40 pra cá, a classe média e os operários urbanos passaram a ouvir as canções de que os norte-americanos gostavam, a tomar coca-cola e a vestir calças far-west dos cowboys (ou seja, jeans “oeste longínquo” e “garotos das vacas”) E não é só. O cinema, ao lado do rádio, trouxe Greta Garbo, Clark Gable e Marlene Dietrich. Os brasileiros “perceberam” que seus astros usavam lentes “Ray-Ban” para os olhos, lâminas Gillette para o rosto e escovavam seus dentes com Colgate e Kolynos (hoje Sorriso). Aos poucos, “aprenderam a falar ok, bye-bye, e Office-boy. De modo que, os nossos governantes abriam os braços para as multinacionais, o povo brasileiro abriu os olhos para a cultura de lá, fechando-os para a cultura de cá....E o Brasil foi virando Brazil.

LÁBIOS - pretenso poema



Seus lábios, verbo forte, belo e intenso,
é verso sem medida, é promessa, é canto nu,
é abismo projetando à imensidão do coração,
é o gemido apertado em línguas tensas.

Seus lábios são a primavera do desejo,
que libera o odor maduro das flores belas,
quando o corpo e a alma se habilitam
aos loucos êxtases sem freios...

Seus lábios se transformarão em precipício,
Quando eu tomar teu rosto em minhas mãos,
mergulhar nas chamas dos teus olhos...
E me entregar sem medo aos seus carinhos...

Seus lábios serão fonte, o início dos meus puros sonetos,
onde declamarei meus intensos sentimentos...
Estou em busca do tremor dos lábios teus,
apertados juntos aos meus...

Alnary N. Rocha Fº
30/08/2007
00:15

O DIREITO AO PALAVRÃO - Luís Fernando Veríssimo

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade, nossos mais fortes e genuínos sentimentos.É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole."Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não é não!" e tampouco o nada é eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto.Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepne", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!",falados assim, cadencialmente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar esacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa.Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta."Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!Grosseiro, mas profundo... Pois se a língua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. "Nem fodendo..."

Luís Fernando Veríssimo

TIME - Letra traduzida - PinK FloyD - 1974


Compositores:
Mason, Waters, Wright and Gilmour


Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.

So you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death.

Every year is getting shorter, never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desparation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired,
It's good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.


Pequena tradução (versão) de um fragmento

As horas passam marcando os momentos
Que se vão,que formam um dia monótono
Você desperdiça e perde as horas
De uma maneira descontrolada

Perambulando por um pedaço de terra
Na sua cidade natal
Esperando alguém ou algo
Que venha mostrar-lhe o caminho

Cansado de deitar-se a luz do sol
De ficar em casa observando a chuva
Você é jovem e a vida é longa
Há tempo de viver o hoje

E depois,um dia você descobrirá
Que dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando correr
Você perdeu o tiro de partida

E você corre e corre para alcançar o sol
Mas ele está indo embora no horizonte
E girando ao redor da Terra para se levantar
Atrás de você outra vez

O sol permanece relativamente o mesmo
Mas você está mais velho
Com o fôlego mais curto
E a cada dia mais próximo da morte

Cada ano está ficando mais curto
Nunca você parece ter tempo
Planos que tão pouco deram em nada


______________________________________

Mais uma letra que reflete os velhos medos (serão realidades?) com os quais me defronto, me identifico e por isso, mesmo em inglês, enquanto a maioria dança e curte "Time after time", eu curto, mas as palavras...as palavras me parecem tão reais...


Alnary Rocha

SOBRE O TEMPO QUE GANHAMOS - Jornalista, Marcelo Canellas

Havia mais terrenos baldios. E menos canais de televisăo.
E mais cachorros vadios. E menos carros na rua.
Havia carroças na rua. E carroceiros fazendo o pregăo dos legumes. E mascates batendo de porta em porta. E mendigos pedindo păo velho.
Por que os mendigos năo pedem mais păo velho?A Velha do Saco assustava as crianças. O saco era de estopa.
Năo haviam sacos plásticos, levávamos sacolas de palha para o supermercado.
E cascos vazios para trocar por garrafas cheias. Refrigerante era caro.
Só tomávamos no fim de semana.
As latas de cerveja eram de lata mesmo,não eram de alumínio.
Leite vinha num saco. Ou entăo o leiteiro entregava emcasa, em garrafas de vidro. Cozinhava-se com banha de porco.Toda dona-de-casa tinha uma lata de banha debaixo da pia.O barbeador era de metal, e a lâmina era trocada de vez em quando.
Mas só a lâmina. As camas tinham suporte para mosquiteiro.
As casas tinham quintais. Os quintais tinham sempre uma laranjeira, ou uma pereira, ou um pessegueiro.Comíamos fruta no pé. Minha vó tinha fogăo a lenha. E compotas caseiras abarrotando a despensa. E chimia de abóbora, e uvada, e păo de casa.Meu pai tinha um amigo que fumava palheiro. Era comum fumar palheiro nacidade; tinha-se mais tempo para picar fumo. Fumo vinha em rolo e cheiravabem. O café passava pelo coador de pano .As ruas cheiravam a café.Chaleira apitava. O que há com as chaleiras de hoje que năo apitam?As lojas de discos vendiam long plays e fitas K7.
Supimpa era ter um tręs-em-um: toca-disco, toca-fita e rádio AM (năo havia FM). Dizia-se 'supimpa', que significa 'bacana'. Pois é,dizia-se 'bacana',saca? Os telefones tinham disco. Discava-se para alguém. Depois, punha-seo aparelho no gancho. Telefone tinha gancho. E fio.Se o seu filho estivesse no quarto dele e vocę no seu escritório, vocędava um berro pra chamar o guri, em vez de mandar um e-mail ou umrecado pelo MSN. Estou falando de outro milęnio, é verdade. Mas o séculopassado foi ontem! Isso tudo acontecia há apenas 20 ou 25 anos, năo mais doque o espaço de uma geraçăo. A vida ficou muito melhor. Tudo era maisdemorado, mais difícil, mais trabalhoso. Entăo por que engolimos o almoço?Entăo por que estamos sempre atrasados?
Entăo por que ninguém mais bota cadeiras na calçada?Alguém pode me explicar onde foi parar o tempo que ganhamos?

31/10/2007